CARACTERÍSTICAS
O que é Chikungunya?
É uma doença
infecciosa febril, causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), que pode ser
transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes
albopictus.
O que significa o nome?
Significa “aqueles
que se dobram” em swahili, um dos idiomas da Tanzânia. Refere-se à aparência
curvada dos pacientes que foram atendidos na primeira epidemia documentada, na
Tanzânia, localizada no leste da África, entre 1952 e 1953.
Qual a área de circulação do vírus?
O vírus circula em
alguns países da África e da Ásia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), desde o ano de 2004 o vírus já foi identificado em 19 países. Naquele
ano, um surto na costa do Quênia propagou o vírus para Comores, Ilhas Reunião e
outras ilhas do oceano Índico, chegando, em 2006, à Índia, Sri Lanka, Ilhas
Maldivas, Cingapura, Malásia e Indonésia. Nesse período, foram registrados
aproximadamente 1,9 milhão de casos – a maioria na Índia. Em 2007, o vírus foi
identificado na Itália. Em 2010, há relato de casos na Índia, Indonésia,
Mianmar, Tailândia, Ilhas Maldivas, Ilhas Reunião e Taiwan – todos com
transmissão sustentada. França e Estados Unidos também registraram casos em
2010, mas sem transmissão autóctone (quando a pessoa se infecta no local onde
vive). Recentemente o vírus foi identificado nas Américas.
Qual é a situação do Chikungunya nas Américas?
No final de 2013,
foi registrada transmissão autóctone em vários países do Caribe (Anguila,
Aruba, Dominica, Guadalupe, Guiana Francesa, Ilhas Virgens Britânicas,
Martinica, República Dominicana, São Bartolomeu, São Cristóvão e Nevis, Santa
Lúcia e São Martinho) e em março de 2014, na República Dominicana. Toda a
população do continente é considerada como vulnerável, por dois motivos: como
nunca circulou antes em nossa região, ninguém tem imunidade ao vírus e ambos os
mosquitos capazes de transmitir a doença estão presentes em praticamente todas
as áreas das Américas. Ver mapas abaixo:
1 – Distribuição
de Aedes aegypti nas Américas:
2 – Distribuição de Aedes albopictus nas Américas:
SINAIS E SINTOMAS
Quais os principais sinais e sintomas?
Febre acima de 39
graus, de início repentino, e dores intensas nas articulações de pés e mãos – dedos,
tornozelos e pulsos. Pode ocorrer, também, dor de cabeça, dores nos músculos e
manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver
sintomas.
Como se identifica um caso suspeito?
O Ministério da
Saúde definiu que devem ser consideradas como casos suspeitos todas as pessoas
que apresentarem febre de início súbito maior de 38,5ºC e artralgia (dor
articular) ou artrite intensa com início agudo e que tenham histórico recente
de viagem às áreas nas quais o vírus circula de forma contínua.
Após a picada do mosquito, em quantos dias ocorre o início dos sintomas?
De dois a dez dias,
podendo chegar a 12 dias. Esse é o chamado período de incubação.
Se a pessoa for picada neste período, infectará o mosquito?
Isso pode ocorrer
um dia antes do aparecimento da febre até o quinto dia de doença, quando a
pessoa ainda tem o vírus na corrente sanguínea. Este período é chamado de
viremia.
Dor nas articulações também não ocorre nos casos de dengue?
Sim, mas a
intensidade é menor. Em se tratando de Chikungunya, é importante reforçar que a
dor articular, presente em 70% a 100% dos casos, é intensa e afeta
principalmente pés e mãos (geralmente tornozelos e pulsos).
Existem grupos de maior risco?
O vírus pode afetar
pessoas de qualquer idade ou sexo, mas os sinais e sintomas tendem a ser mais
intensos em crianças e idosos. Além disso, pessoas com doenças crônicas têm
mais chance de desenvolver formas graves da doença.
As pessoas podem ter Chikungunya e dengue ao mesmo tempo?
Sim.
TRANSMISSÃO
Como o vírus é transmitido?
O vírus é
transmitido pela picada da fêmea de mosquitos infectados. São eles o Aedes
aegypti, de presença essencialmente urbana, em áreas tropicais e, no Brasil,
associado à transmissão da dengue; e o Aedes albopictus, presente
majoritariamente em áreas rurais, também existente no Brasil e que pode ser
encontrado em áreas urbanas e peri-urbanas em menor densidade. O mosquito
adquire o vírus CHIKV ao picar uma pessoa infectada, durante o período de
viremia.
Qual a diferença entre a distribuição dos mosquitos Aedes
aegypti e Aedes albopictus?
O Aedes aegypti tem presença essencialmente urbana e
a fêmea alimenta‐se preferencialmente de sangue
humano. O mosquito adulto encontra‐se dentro das
residências e os habitats das larvas estão
mais frequentemente em depósitos artificiais (pratos de vasos de plantas, lixo
acumulado, pneus, recipientes abandonados etc.).
O
Aedes albopictus está presente majoritariamente em áreas rurais,
peri-urbanas e alimenta‐se principalmente de
sangue de outros animais, embora também possa se alimentar de sangue humano.
Suas larvas são encontradas mais frequentemente em habitats naturais, como internódios de bambu, buracos em árvores e cascas de
frutas. Recipientes artificiais abandonados nas florestas e em plantações
também podem servir de criadouros.
Se um pessoa for picada por um mosquito infectado necessariamente ficará
doente?
Não. Em média, 30%
das pessoas infectadas são assintomáticas, ou seja, não apresentam os sinais e
sintomas clássicos da doença.
Quem se infecta com o vírus fica imune?
Sim. Quem
apresentar a infecção fica imune o resto da vida.
Uma pessoa doente pode infectar outra saudável?
Não existe
transmissão entre pessoas. A única forma de infecção é pela picada dos
mosquitos.
A mãe grávida transmite o vírus para o bebê?
Não há evidências
de que o vírus seja transmitido da mãe para o feto durante a gravidez. Porém, a
infecção pode ocorrer durante o parto. Também não há evidências de transmissão
pelo leite materno.
É possível a transmissão por transfusão sanguínea?
Com os cuidados da
segurança do sangue que a rede de hemocentros no Brasil já adota para evitar
transmissão de doenças por transfusão, não se considera essa via uma forma de
transmissão com importância para a saúde pública.
NOTIFICAÇÃO DE CASOS
Já existem casos no Brasil?
No Brasil, os três
primeiros casos, todos fora do país, foram identificados em 2010: dois homens
que estiveram na Indonésia – um de 41 anos, do Rio de Janeiro, e outro de 55
anos, de São Paulo; e uma mulher de 25 anos, também de São Paulo, que esteve na
Índia. As pessoas atingidas já se recuperaram. Os casos foram informados à OPAS
e à OMS. O Ministério da Saúde tem alertado as Secretarias Estaduais de
Saúde para manterem os serviços de saúde atentos às pessoas que venham de áreas
com transmissão e apresentem os sintomas da doença.
Que medidas podem ser adotadas para evitar a disseminação do vírus?
O mais importante é
evitar os criadouros dos mosquitos que podem transmitir a doença. Isso
previne tanto a ocorrência de surtos de dengue como de Chikungunya. Quando há
notificação de caso suspeito, as Secretarias Municipais de Saúde devem adotar
ações de eliminação de focos do mosquito nas áreas próximas à residência, ao
local de atendimento dos pacientes e nos aeroportos internacionais da cidade em
que aqueles residam.
Há transmissão autóctone no Brasil?
Até o momento, não.
Os casos identificados foram de pessoas que se infectaram no exterior.
A notificação de casos é obrigatória?
No Brasil, sim. Os
casos suspeitos de Chikungunya devem ser comunicados e/ou notificados em até 24
horas a partir da suspeita inicial. Qualquer estabelecimento de saúde, público
ou privado, deve informar a ocorrência de casos suspeitos às Secretarias
Municipais e Estaduais de Saúde e ao Ministério da Saúde.
DIAGNÓSTICO
Como saber se de fato uma pessoa tem Chikungunya?
O vírus só pode ser
detectado em exames de laboratório. São três os tipos de testes capazes de
detectar o Chikungunya: sorologia, PCR em tempo real (RT‐PCR) e isolamento viral. Todas essas técnicas já são utilizadas no
Brasil para o diagnóstico de outras doenças e estão disponíveis nos
laboratórios de referência da rede pública.
Quantos laboratórios capacitados existem no Brasil? Existe algum de
referência?
Atualmente, o
laboratório de referência para realizar o diagnóstico laboratorial do
Chikungunya é o Instituto Evandro Chagas, do Ministério da Saúde, localizado no
Pará. Outros laboratórios de saúde pública estão em fase de treinamento para
adotar o exame de detecção do vírus CHIKV.
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Como é feito o tratamento?
Até o momento não
existe um tratamento específico para Chikungunya, como no caso da dengue. Os
sintomas são tratados com medicação para a febre (paracetamol) e as dores
articulares (antiinflamatórios). Não é recomendado usar o ácido acetil
salicílico (AAS) devido ao risco de hemorragia. Recomenda‐se repouso absoluto ao paciente, que deve beber líquidos em abundância.
É necessário isolar o paciente?
Como não existe
transmissão autóctone no Brasil, é necessário que o paciente evite
deslocamento, utilize medidas de proteção individual e permaneça em repouso
durante o período de viremia.
O que as pessoas podem fazer para se prevenir?
Como a doença é
transmitida por mosquitos, é fundamental que as pessoas reforcem as medidas de
eliminação dos criadouros de mosquitos nas suas casas e na vizinhança. As
medidas que as pessoas devem tomar são exatamente as mesmas recomendadas para a
prevenção da dengue.
Existe vacina?
Não.
VIGILÂNCIA DE CASOS IMPORTADOS
Há casos em que é necessário internar a pessoa?
Sim, mas apenas nos
casos que apresentarem maior gravidade.
Em quanto tempo o paciente se recupera?
Em geral, em dez
dias após o início dos sintomas. No entanto, em alguns casos as dores nas
articulações podem persistir por meses. Nesses casos, o paciente deve voltar à
unidade de saúde para avaliação médica.
A doença pode matar?
As mortes são
raras. Dados da epidemia ocorrida em 2004, nas Ilhas Reunião, indicaram taxa de
letalidade de 0,1% (256 mortes em um total de 266 mil casos). Entretanto, na
Índia, em 2006, houve 1,3 milhão de casos e nenhuma morte registrada.
ORIENTAÇÕES EM CASO DE SUSPEITA
Será adotada alguma medida em fronteiras e aeroportos?
Para doenças como
Chikungunya não existem medidas efetivas em fronteiras ou aeroportos, pois a
pessoa pode viajar durante o período de incubação ou ser um caso assintomático.
Além disso, os sintomas de Chikungunya são semelhantes aos de outras doenças.
Assim, a melhor prevenção e cada pessoa buscar eliminar os criadouros de
mosquitos na sua casa e vizinhança.
O que a pessoa deve fazer se suspeitar que tem Chikungunya?
Procurar a unidade
de saúde mais próxima, imediatamente. E, fundamental: NÃO TOMAR REMÉDIO POR CONTA PRÓPRIA. A automedicação pode mascarar
sintomas, dificultar o diagnóstico e agravar o quadro do paciente. Somente um
médico pode receitar medicamentos.
O que as pessoas podem fazer para evitar a doença?
Como a doença
Chikungunya é transmitida por mosquitos, é fundamental que as pessoas reforcem
as medidas de eliminação dos criadouros das espécies. Elas são exatamente as
mesmas para o controle da dengue, basicamente, não deixar acumular água em
recipientes. Entre outras medidas, são muito efetivas: verificar se a caixa
d´água está bem fechada; não acumular vasilhames no quintal; verificar se as
calhas não estão entupidas; e colocar areia nos pratos dos vasos de planta. Os
procedimentos de controle são semelhantes para ambos os mosquitos.
Portal da saúde
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs