Nordeste do Nordeste
Oziel Miranda - mirandaozieldionisio@gmail.com
Aquele homem de olhar distante, de olhar triste, compenetrado, um olhar sofrido perdido no tempo, nas suas saudades, nas suas mágoas.
Essa é a lembrança que tenho
de André, tocava em sua rabeca, entoadas de melodias tristes, esperando uns
trocados, umas esmolas, um pequeno gesto de reconhecimento de algum transeunte,
quem sabe um aplauso.
O seu palco? Era
as ruas da Cidade Alta. Ah, André! Vivestes em terras natalenses como anônimo,
muitos passavam de lado e não paravam para escutar os teus recitais.
Pós morte? Houve
algumas Louvações.
Alguns cronistas emprestaram
as suas penas para homenagear André, as lembranças de Juarez Chagas, no artigo
com o título "O Encantador de Potyguares" publicado no O Jornal de
Hoje, 10 de fevereiro de 2010.
"Acredito que, o
interessante não era apenas observar e sentir a música fluir do seu
violino...era sentir e saber que cada nota, cada som emitido era um rasgo na
alma".
Alex Medeiros, fala da última
vez que viu André vivo, na calçada da Sorveteria Tropical, palco das suas
esmolas, em seu artigo publicado no Jornal de Hoje, 20 de fevereiro de 2010,
com o título "O lumpen rabequeiro", Alex vai descrevendo André.
"Com sua alma inocente e
seu ofício composto na urgência, André da Rabeca perambulava pela capital como
um fantasma dos nossos fracassos, a sonorização indefinida de uma sociedade
fora de tom..."
Augusto Coelho Leite, em seu
artigo publicado também no O Jornal de Natal, 08 de fevereiro de 2010, com o
título "Sei que amanhã quando eu morrer", lembra de André e faz o seu
desabafo.
"...André era solitário,
andava só com a sua rabeca, olhar triste que devido a um defeito ainda (pra
mim) se tornava mais triste, pois quase sempre olhava o chão. André faz parte
da história dessa cidade..."
O último artigo que apresento
é de autoria de Miguel Josino Neto com o título "Para André da
Rabeca", publicado no dia 03 de fevereiro de 2010. O texto é uma espécie
de confessionário, onde o autor fala da sua incensibilidade para com o rabequeiro.
"Encontrei André da
Rabeca algumas vezes nas ruas da cidade... Confesso que nem sempre lhe dei
muita atenção que ele merecia. O meu coração infame não o valorizou plenamente
como artista e, agora morto, sua morte me consuma o meu pecado, expõe a pequenez
da minha 'alma. Fui indiferente."
Peço licença a Miguel Josino
Neto, para com o seu escrito fazer coro de desculpas/perdão, pela nossa
negligência, pelo nosso descaso.
Ao nosso André, que ele
não tenha levado mágoas do nosso povo.
André da Rabeca (1942 -2010)
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