terça-feira, 19 de agosto de 2025

Você Conheceu André da Rabeca?

 Nordeste do Nordeste

Oziel Miranda - mirandaozieldionisio@gmail.com

                                   

Aquele homem de olhar distante, de olhar triste, compenetrado, um olhar sofrido perdido no tempo, nas suas saudades, nas suas mágoas.

Essa é a lembrança que tenho de André, tocava em sua rabeca, entoadas de melodias tristes, esperando uns trocados, umas esmolas, um pequeno gesto de reconhecimento de algum transeunte, quem sabe um aplauso.

O seu palco? Era as ruas da Cidade Alta. Ah, André! Vivestes em terras natalenses como anônimo, muitos passavam de lado e não paravam para escutar os teus recitais.

Pós morte? Houve algumas Louvações.

Alguns cronistas emprestaram as suas penas para homenagear André, as lembranças de Juarez Chagas, no artigo com o título "O Encantador de Potyguares" publicado no O Jornal de Hoje, 10 de fevereiro de 2010. 

"Acredito que, o interessante não era apenas observar e sentir a música fluir do seu violino...era sentir e saber que cada nota, cada som emitido era um rasgo na alma".

Alex Medeiros, fala da última vez que viu André vivo, na calçada da Sorveteria Tropical, palco das suas esmolas, em seu artigo publicado no Jornal de Hoje, 20 de fevereiro de 2010, com o título "O lumpen rabequeiro", Alex vai descrevendo André.

"Com sua alma inocente e seu ofício composto na urgência, André da Rabeca perambulava pela capital como um fantasma dos nossos fracassos, a sonorização indefinida de uma sociedade fora de tom..."

Augusto Coelho Leite, em seu artigo publicado também no O Jornal de Natal, 08 de fevereiro de 2010, com o título "Sei que amanhã quando eu morrer", lembra de André e faz o seu desabafo.

"...André era solitário, andava só com a sua rabeca, olhar triste que devido a um defeito ainda (pra mim) se tornava mais triste, pois quase sempre olhava o chão. André faz parte da história dessa cidade..."

O último artigo que apresento é de autoria de Miguel Josino Neto com o título "Para André da Rabeca", publicado no dia 03 de fevereiro de 2010. O texto é uma espécie de confessionário, onde o autor fala da sua incensibilidade para com o rabequeiro.

"Encontrei André da Rabeca algumas vezes nas ruas da cidade... Confesso que nem sempre lhe dei muita atenção que ele merecia. O meu coração infame não o valorizou plenamente como artista e, agora morto, sua morte me consuma o meu pecado, expõe a pequenez da minha 'alma. Fui indiferente."

Peço licença a Miguel Josino Neto, para com o seu escrito fazer coro de desculpas/perdão, pela nossa negligência, pelo nosso descaso.

 Ao nosso André, que ele não tenha levado mágoas do nosso povo.

André da Rabeca (1942 -2010)

 

 

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