JORNAL
CLARIM NATAL/RN -
Você passou de janeiro a dezembro deste ano indo a São Paulo (SP) para fazer
uma pós-graduação em Urbanismo Social, no Instituto Superior de Ensino e
Pesquisa - INSPER. Como foi este período?
JEFFERSON
LÚCIO -
Lá, a cada mês assistia aulas presenciais em 04 (quatro) dias contínuos durante
uma semana e após as aulas eu retornava a Natal (RN). Esse curso, importante
dizer, é voltado para as lideranças comunitárias e gestores que atuam em
comunidades como periferias e favelas.
JORNAL
CLARIM NATAL/RN -
Qual a finalidade deste curso de Urbanismo Social?
JEFFERSON
LÚCIO -
O curso de Urbanismo Social tem por finalidade ensinar instrumentos de gestão e
planejamento que mitigam vulnerabilidades nessas localidades.
JCN - Explique melhor o que
é Urbanismo Social?
JEFFERSON
LÚCIO -
Para explicar, gosto muito de basear no Guia de Urbanismo Social da Diagonal e Arq.Futuro
de cidades, nele explica que Urbanismo Social é uma estratégia técnica e
política de enfrentar problemas em comunidades do tipo periferias e favelas com
atividades e ações integradas, articuladas e em coparticipação com as
comunidades.
JCN - Como e por que você
decidiu fazer esse curso?
JEFFERSON
LÚCIO -
Na pandemia passei a desenvolver ações de resposta ao coronavírus, por meio do
coletivo COMUNITÁRIOS contra COVID. Surgiu em março de 2020, fazíamos ações de
entregas de kits com máscaras e álcool 70 % realizando ações porta a porta nas
comunidades em situações de vulnerabilidade de Natal e do RN.
Esse
trabalho contínuo com ações contra fome passando a se chamar COMUNITÁRIOS com
CIDADANIA (cccPotiguar), chegando a mobilizar turmas de alfabetização de jovens
e adultos e instituir biblioteca comunitária, tendo sido premiada pelo
Ministério da Cultura em 2023.
Esse
trabalho foi potencializado com ações de grupos parceiros como o G10 Favelas,
com sede em Paraisópolis. Esse histórico de trabalho comunitário ajudou na
obtenção da bolsa integral no INSPER.
JEFFERSON
LÚCIO -
Sim, claro. Iniciei os trabalhos com as comunidades na capital potiguar em
2019, quando assumi a Subcoordenadoria de Assuntos Comunitários - SAC. Essa
subcoordenadoria é vinculada ao estado do Rio Grande do Norte, surgiu no
Governo Garibaldi e funcionou, salvo engano, durante a gestão do Padre João
Batista.
Quando eu
assumi a função de subcoordenador no 1° Governo Fátima Bezerra, solicitei que
as funções a mim incumbidas fossem exercidas com base nos preceitos do cargo,
que antes estava em exercício de forma mais estratégica, em diálogo com a alta
burocracia, e não com as comunidades.
JCN - Então você meio que
reinaugurou a SAC, mas quando e porque você saiu?
JEFFERSON
LÚCIO -
Exatamente, inicialmente foi um momento de sair às ruas, ouvir as comunidades,
sobretudo as vulnerabilizadas marcadas pela ausência de políticas públicas
estruturantes, como saúde, educação e a própria segurança pública a quem a SAC
naquele momento estava vinculada de fato, e de direito. A minha saída ocorreu
em 2021 por determinação da senhora Governadora Fátima, por entender que
naquele momento o projeto ao qual eu defendia, ainda que em consonância com o
plano de Governo, não era prioridade. Ainda assim foram formuladas minutas de
conselhos comunitários, de defesa social e do comitê de polícia de proximidade,
tendo o primeiro progredido para decreto, o outro não passou por tramitação
(engavetado).
JCN - Você sente falta desse
momento?
JEFFERSON LÚCIO - Hoje passei a ver no Urbanismo Social meio para que possamos pensar a segurança pública com cidadania, a exemplo do que vem ocorrendo em Recife no Centro Comunitário da Paz (COMPAZ), os Territórios da Paz no estado do Pará, em Porto Alegre com o RS Seguro Comunidades, e até mesmo SP que tem buscado ressignificar os Centros Educacionais Unificados - CEUS, tirando-os da gestão segmentada para gestão matricial integrada e articulada com outras secretarias, sobretudo a de segurança pública e com a Guarda Civil Municipal.
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