sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

“Hoje passei a ver no Urbanismo Social meio para que possamos pensar a segurança pública com cidadania”, destacou Jefferson Lúcio durante entrevista ao Clarim Natal/RN

 


JORNAL CLARIM NATAL/RN - Você passou de janeiro a dezembro deste ano indo a São Paulo (SP) para fazer uma pós-graduação em Urbanismo Social, no Instituto Superior de Ensino e Pesquisa - INSPER.  Como foi este período?

JEFFERSON LÚCIO - Lá, a cada mês assistia aulas presenciais em 04 (quatro) dias contínuos durante uma semana e após as aulas eu retornava a Natal (RN). Esse curso, importante dizer, é voltado para as lideranças comunitárias e gestores que atuam em comunidades como periferias e favelas.

 

JORNAL CLARIM NATAL/RN - Qual a finalidade deste curso de Urbanismo Social?

JEFFERSON LÚCIO - O curso de Urbanismo Social tem por finalidade ensinar instrumentos de gestão e planejamento que mitigam vulnerabilidades nessas localidades.  

 

JCN - Explique melhor o que é Urbanismo Social?

JEFFERSON LÚCIO - Para explicar, gosto muito de basear no Guia de Urbanismo Social da Diagonal e Arq.Futuro de cidades, nele explica que Urbanismo Social é uma estratégia técnica e política de enfrentar problemas em comunidades do tipo periferias e favelas com atividades e ações integradas, articuladas e em coparticipação com as comunidades. 

 

JCN - Como e por que você decidiu fazer esse curso?

JEFFERSON LÚCIO - Na pandemia passei a desenvolver ações de resposta ao coronavírus, por meio do coletivo COMUNITÁRIOS contra COVID. Surgiu em março de 2020, fazíamos ações de entregas de kits com máscaras e álcool 70 % realizando ações porta a porta nas comunidades em situações de vulnerabilidade de Natal e do RN.

 Esse trabalho contínuo com ações contra fome passando a se chamar COMUNITÁRIOS com CIDADANIA (cccPotiguar), chegando a mobilizar turmas de alfabetização de jovens e adultos e instituir biblioteca comunitária, tendo sido premiada pelo Ministério da Cultura em 2023. 

Esse trabalho foi potencializado com ações de grupos parceiros como o G10 Favelas, com sede em Paraisópolis. Esse histórico de trabalho comunitário ajudou na obtenção da bolsa integral no INSPER. 

JCN - Você já concedeu entrevistas ao Jornal Clarim Natal outras vezes, mas sempre é bom lembrar sua participação no movimento comunitário de Natal, você pode nos contar?

JEFFERSON LÚCIO - Sim, claro. Iniciei os trabalhos com as comunidades na capital potiguar em 2019, quando assumi a Subcoordenadoria de Assuntos Comunitários - SAC. Essa subcoordenadoria é vinculada ao estado do Rio Grande do Norte, surgiu no Governo Garibaldi e funcionou, salvo engano, durante a gestão do Padre João Batista. 

Quando eu assumi a função de subcoordenador no 1° Governo Fátima Bezerra, solicitei que as funções a mim incumbidas fossem exercidas com base nos preceitos do cargo, que antes estava em exercício de forma mais estratégica, em diálogo com a alta burocracia, e não com as comunidades.

 

 

JCN - Então você meio que reinaugurou a SAC, mas quando e porque você saiu?

JEFFERSON LÚCIO - Exatamente, inicialmente foi um momento de sair às ruas, ouvir as comunidades, sobretudo as vulnerabilizadas marcadas pela ausência de políticas públicas estruturantes, como saúde, educação e a própria segurança pública a quem a SAC naquele momento estava vinculada de fato, e de direito. A minha saída ocorreu em 2021 por determinação da senhora Governadora Fátima, por entender que naquele momento o projeto ao qual eu defendia, ainda que em consonância com o plano de Governo, não era prioridade. Ainda assim foram formuladas minutas de conselhos comunitários, de defesa social e do comitê de polícia de proximidade, tendo o primeiro progredido para decreto, o outro não passou por tramitação (engavetado).  

 

JCN - Você sente falta desse momento?

JEFFERSON LÚCIO - Hoje passei a ver no Urbanismo Social meio para que possamos pensar a segurança pública com cidadania, a exemplo do que vem ocorrendo em Recife no Centro Comunitário da Paz (COMPAZ), os Territórios da Paz no estado do Pará, em Porto Alegre com o RS Seguro Comunidades, e até mesmo SP que tem buscado ressignificar os Centros Educacionais Unificados - CEUS, tirando-os da gestão segmentada para gestão matricial integrada e articulada com outras secretarias, sobretudo a de segurança pública e com a Guarda Civil Municipal.

 

 

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