Nosso 9º entrevistado da
série de entrevistas 2021 é o presidente do Partido
Democracia Cristã em Mossoró/RN, Daniel Sampaio, que conversou
sobre diversos temas, como o papel do DC, mudanças na legislação eleitoral,
expectativas para as
eleições de 2022, entre outros assuntos.
Confira a entrevista na íntegra.
Aos 46 anos, casado, Daniel Lima Sampaio
é Médico
Psiquiatra, formado na UFRN e atualmente é presidente do Partido
Democracia Cristã em Mossoró/RN.
JORNAL CLARIM NATAL - O que despertou o gosto pela sua militância?
DR
DANIEL SAMPAIO - Foi a indignação com os diversos escândalos e a péssima qualidade da
administração pública que a gente percebia no Brasil e no nosso estado Rio
Grande do Norte e desde 2012 participo das movimentações de rua em Natal, Mossoró,
Caicó, em diversas cidades do estado. Sempre com este objetivo de não cruzar os
braços, de não aceitar os escândalos de corrupção e a má administração pública,
notadamente observada nos partidos de esquerda, especialmente no PT, mas que de
uma maneira geral todos os partidos de esquerda demonstraram isso, que não têm
capacidade para administrar.
JCN – Qual o papel do
partido Democracia Cristã na sociedade mossoroense?
DR
DANIEL SAMPAIO – O papel do nosso partido Democracia Cristã na sociedade mossoroense é
justamente de termos uma opção de um partido de direita, conservadora e cristã,
tendo em vista que infelizmente a cidade de Mossoró se desenvolveu muito pouco.
Nós vemos um grande desemprego, não vemos boas perspectivas de atrair
empresas de crescimento para Mossoró. Na verdade, existe uma perspectiva
de uma retração da economia com a saída da Petrobrás. Mas nada foi colocado
para substituir porque parece não haver interesse da classe política
mossoroense e isso a gente ver no restante do estado em gerar emprego, em
atrair investimentos.
É muito fácil observar que existe uma tendência muito grande de valorização, apenas de empregos da Prefeitura, do estado, como forma de distribuição de cargos para manter uma base política e isso não está funcionando, a gente vê o resultado disso, o nosso Rio Grande do Norte é o segundo estado mais pobre do Brasil. Então, temos uma administração de esquerda a nível estadual e várias prefeituras também. A esquerda, mesmo demonstrando que não consegue atrair investimentos, gerar desenvolvimento, porque a igualdade social que a esquerda prega vem após o desenvolvimento. Não há igualdade social sem desenvolvimento.
JCN – Sobre mudanças nas
regras eleitorais, inclusive para o ano que vem. Qual sua opinião sobre cada um
dos temas a seguir?
Voto impresso - Forma de Eleição - Leis eleitorais - Fundo
Partidário - Afrouxamento de punição pelo mau uso de verbas públicas
DR
DANIEL SAMPAIO - Em relação às MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO ELEITORAL, toda mudança que traz
uma melhora é válida. A legislação eleitoral vem trazendo mudanças muito
frequentes. Então, isso torna a eleição um pouco confusa para o eleitor, para
os próprios partidos, para os candidatos. Espero que essa nova mudança
traga um aperfeiçoamento para o processo eleitoral. Agora uma das
mudanças, inclusive que estivemos nas manifestações do dia 1° de agosto seria a
questão do voto impresso.
VOTO IMPRESSO - O Democracia Cristã é favorável ao voto
impresso. A gente tem uma garantia de que a democracia realmente foi
exercida e as pessoas realmente escolheram os candidatos que foram eleitos. A
fraude é possível, não sei se aconteceu porque já vimos isso nas redes sociais
e nas mídias. É uma pena que isso já não tenha sido aprovado e é uma pena o
AFROUXAMENTO das prisões, das PUNIÇÕES em relação às pessoas envolvidas em
escândalos de corrupção.
É uma pena que as questões do envolvimento em escândalos de corrupção,
de má administração do dinheiro público não estejam sendo punidas
corretamente. Isso cria a impressão que tudo pode.
Acreditamos que o processo eleitoral seria bem mais claro se pudesse ser
feito uma auditoria. Quem tem medo de auditoria realmente não quer o VOTO
IMPRESSO. Então, a gente fica observando com uma certa suspeita, alguns setores
da sociedade, alguns partidos políticos, alguns políticos tradicionais não
querem o voto impresso. Então, causa estranhamento realmente você não
observar uma vontade de trazer uma clareza para a eleição, já que em várias
situações vistas inclusive na mídia, nas redes sociais pessoas da área da
informática conseguem invadir as urnas eletrônicas e mudar o resultado da
eleição. Isso já foi visto, já é ponto passivo, de entendimento comum,
não há o que questionar que o sistema é falho. Então, não há motivos para não
querermos a auditoria, a correção de uma possível falha através do voto
impresso. Como nós estamos alinhados com o presidente Jair Bolsonaro defendemos
isso mais uma vez nas movimentações de rua a qual estive presente em Mossoró.
Acho que essa deveria ser sim uma mudança a ser incrementada nessa eleição de
2022.
FUNDO ELEITORAL- Uma que não deveria acontecer, a qual eu sou contra é o
aumento do fundo eleitoral. Já existe um valor muito significativo e não
há justificativa em quase triplicar. Lembrando que esse valor é pago pelo contribuinte,
pelo eleitor. O eleitor vai ter que financiar as campanhas
eleitorais. Essa regra não deveria mudar, deveria permanecer o valor
atual.
JCN – O Voto distritão,
cláusula de barreira e coligação eleitoral são temas que devem ser discutidos
na proposta de reforma política. Qual sua opinião sobre o assunto?
DR
DANIEL SAMPAIO - O Voto distritão, cláusula de barreira são questões importantes, tendo
em vista que um processo que está sendo observado é a multiplicação de partidos
políticos. No Estados Unidos só possui dois partidos e no Brasil temos dezenas
de partidos e outras dezenas na intenção de serem criados. A cláusula de
barreira é importante, a questão do distritão ou de outra forma que possa haver
uma coligação é também importante para que limite a quantidade de partidos
políticos.
A quantidade de partidos políticos teoricamente deveria se restringir ao
alinhamento político, seja de esquerda, direita ou de centro. Espero que essas
mudanças, seja o distritão ou outra maneira em que as coligações venham ocorrer
tragam uma diminuição na quantidade de partidos políticos e que tenham um
alinhamento e possam fazer suas coligações não objetivando apenas o resultado
político, mas tentando fazer também um alinhamento de uma ideologia
política para dar algum sentido ao processo eleitoral, que não seja apenas a
manutenção de velhas raposas na política, mas de ideias políticas com
alinhamento político ideológico venham a prevalecer, o que traz sentido a
denominação de um partido político.
JCN – Pelo distritão, são
eleitos os candidatos mais votados individualmente, desconsiderando-se os votos
nas siglas.
Especialistas entendem que o modelo enfraquece a representatividade dos
partidos e favorece a eleição de "celebridades". Qual a sua
opinião?
DR
DANIEL SAMPAIO - Nesse aspecto, o distritão realmente enfraquece a representatividade dos
partidos políticos, o que não é o ideal, porque o partido político não é
a representação de uma pessoa, é a representação de uma ideologia, um
posicionamento político, ao qual o eleitor se identifica, acha que aquilo
é o melhor, o mais coerente para a sociedade, então elege um
representante daquele entendimento político.
O enfraquecimento dos partidos políticos realmente traria um prejuízo, pois não haveria nenhum tipo de controle após a eleição sobre o candidato eleito, esse poderia se autodeclarar de direita e após ser eleito começar a ter um comportamento comunista, de esquerda, e o partido político tem essa finalidade também de manter a coerência a qual os candidatos se apresentaram durante o processo eleitoral.
JCN – O que dizer sobre Fidelidade partidária
e mandatos coletivos?
DR
DANIEL SAMPAIO - A questão da fidelidade partidária concordo que quando você faz uma
coligação não seja de ocasião e que se for feita uma coligação entre dois ou
mais partidos deve durar 4 anos ou até mais para que a questão das coligações
partidárias não assumam um caráter pontual, de ocasião. Já que os partidos
políticos têm esse propósito de defender um alinhamento político, seja
ele qual for seria mais coerente que quando dois partidos ou mais fazem uma
coligação ela tenha um sentido de ambas se fortalecerem, então não haveria uma
justificativa para uma coligação durar apenas 45 dias, que é o período agora do
processo eleitoral. Então acho que as coligações devem existir enquanto
existirem essa grande quantidade de partidos, mas que essas coligações teriam
que por obrigação serem feitas por partidos que tenham o mesmo alinhamento
político e que deveriam ser mais duradouras. Isso iria fortalecer todos os
partidos que fazem parte da coligação, que deveriam ter os mesmos
direitos, seja a questão do tempo de televisão, do recurso do fundo
eleitoral, mas também deveriam ter as mesmas obrigações que é principalmente a
gente ter a defesa de uma ideologia política em conjunto.
JCN – O senhor pretende
concorrer a algum cargo nesta próxima eleição? Se sim, por que?
DR
DANIEL SAMPAIO - É possível que eu seja um pré-candidato a deputado, seja estadual, hoje
sou suplente de deputado estadual. E é possível que eu seja um pré-candidato a
deputado federal. Essa é a maneira como eu acho que posso contribuir, uma vez
que tenho um alinhamento pessoal e ideológico de muitos anos com o presidente
Jair Bolsonaro, ao qual tenho acesso pessoal.
Fui convidado inclusive a participar do Governo. Eu sou médico
Psiquiatra e fui convidado para ser Secretário Nacional de Saúde Mental que é
um cargo muito difícil, mas um desafio, um cargo muito importante que lida além
das questões de saúde, lida com algumas questões políticas que entravam,
dificultam o desenvolvimento de políticas públicas, onde as pessoas misturam a
política com a ciência, a experimentação, com a prática médica e
científica.
Uma das coisas que ainda pensei em assumir o cargo seria justamente
isso, trazer uma didática científica para a organização dos sistemas que cuidam
da saúde mental nos seus mais diversos aspectos. Tirando essa questão da
politização a qual a saúde mental foi infelizmente envolvida de uma forma muito
danosa, onde a gente só teve como resultado o aumento do número de doentes
mentais, inclusive os muito graves, o aumento do número de suicídios e de
dependentes químicos. Isso tudo fruto de uma politização das políticas públicas
que acontecia no passado em relação à saúde mental.
Não pude assumir por questões pessoais e familiares, mas fiquei muito
satisfeito pela proximidade de ter esse reconhecimento por parte do Governo
Federal e que essa proximidade seria muito proveitosa para o nosso estado o Rio
Grande do Norte, que tem historicamente uma bancada federal muito fraca. Vamos
tirar o exemplo do turismo que deveria ser uma grande fonte de renda para o
nosso estado, mas está entregue às baratas.
O turismo do RN é uma verdadeira tragédia quando comparado com outros
estados do Nordeste.
Essa proximidade que tenho tanto ideológica quanto pessoal do presidente
Jair Bolsonaro faria com que a função de deputado federal a gente pudesse ter
retorno no dia a dia. A gente vê em vários outros aspectos, a bancada federal
nunca se faz presente através de grandes decisões. A gente comprova isso na prática,
o RN é o segundo estado mais pobre do Brasil.
Fui idealizador do Fórum de Oportunidades do Semi-árido que levou pra Mossoró vários empresários da fruticultura, inclusive o vice-presidente Hamilton Mourão. Mesmo a gente sem mandato a gente conseguiu promover um evento que teve repercussão internacional. Acho que como deputado federal teríamos a oportunidade de multiplicar este tipo de ação para que o nosso estado saia da Idade Média. Então, estarei independente de concorrer ou não a algum cargo de deputado federal estarei sim ao lado do presidente Jair Bolsonaro como sempre estive. E acredito que como deputado federal poderia ter várias facilidades, através dessa proximidade que tenho com ele de trazer alguma resposta prática para esse verdadeiro fracasso que é a economia, o desenvolvimento do estado do RN. Não acredito que os eleitores estejam satisfeitos, que as pessoas vão perder mais 4 anos, comprometer o seu futuro e dos seus filhos e apostar nos mesmos candidatos
JCN – Qual a principal
bandeira, caso seja um possível pré-candidato?
DR
DANIEL SAMPAIO - A principal bandeira que defenderei se for pré-candidato a deputado
federal será a do nosso partido a Democracia Cristã, onde sempre fui um
representante de direita. E essa é a bandeira que defendo, um alinhamento de
direita, conservadora, cristã e que pretende buscar investimentos, sejam eles a
nível federal e investimentos privados. Mostrar que o RN tem uma
capacidade de desenvolvimento de energias renováveis.
JCN – Qual sua expectativa para as eleições
de 2022?
DR
DANIEL SAMPAIO - Minha expectativa é de que esse processo de mudança política, a saída
das velhas raposas que nunca trouxeram nada de positivo. Acredito que essa
questão da renovação vai se estender também no governo estadual. Não
vemos nenhuma perspectiva de melhora com os atuais políticos que estão aí nos
representando. Acredito que uma parte da população quer mudança. É onde entra o
Democracia Cristã.
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