Foto: culturanossa.wordpress.com
Conta-se a lenda de um rei que viveu num país
além-mar há muitos anos. Ele era muito sábio e não poupava esforços para
ensinar bons hábitos a seu povo. Frequentemente fazia coisas que pareciam
estranhas e inúteis; mas tudo era para ensinar o povo a ser trabalhador e
cauteloso.
Nada de bom pode vir a uma nação dizia ele cujo
povo reclama e espera que outros resolvam seus problemas. Deus dá as coisas
boas da vida a quem lida com os problemas por conta própria.
Uma noite, enquanto todos dormiam, ele pôs uma
enorme pedra na estrada que passava pelo palácio. Depois foi se esconder atrás
de uma cerca, e esperou para ver o que acontecia.
Primeiro veio um fazendeiro com uma carroça
carregada de sementes que ele levava para moagem na usina. “Quem já viu tamanho
descuido?”, disse ele contrariadamente, enquanto desviava sua parelha e
contornava a pedra. “Por que esses preguiçosos não mandam retirar essa pedra da
estrada?”. E continuou reclamando da inutilidade dos outros, mas sem ao menos
tocar, ele próprio, na pedra.
Logo depois, um jovem soldado veio cantando
pela estrada. A longa pluma do seu quepe ondulava na brisa, e uma espada
reluzente pendia à sua cintura. Ele pensava na maravilhosa coragem que
mostraria na guerra.
O soldado não viu a pedra, mas tropeçou nela e
se estatelou no chão poeirento. Ergueu-se, sacudiu a poeira da roupa, pegou a
espada e enfureceu-se com os preguiçosos que insensatamente haviam largado uma
pedra imensa na estrada. Então, ele também se afastou, sem pensar uma única vez
que ele próprio poderia retirar a pedra.
Assim correu o dia. Todos que por ali passavam
reclamavam e resmungavam por causa da pedra colocada na estrada, mas ninguém a
tocava. Finalmente, ao cair da noite, a filha do moleiro por lá passou. Era
muito trabalhadora, e estava cansada, pois desde cedo andava ocupada no moinho.
Mas disse a si mesma: “Já está quase escurecendo, alguém pode tropeçar nesta
pedra à noite e se ferir gravemente. Vou tirá-la do caminho”. E tentou arrastar
dali a pedra.
Era muito pesada, mas a moça empurrou, e
empurrou, e puxou, e inclinou, até que conseguiu retirá-la do lugar. Para sua
surpresa, encontrou uma caixa debaixo da pedra. Ergueu a caixa. Era pesada,
pois estava cheia de alguma coisa.
Havia na tampa os seguintes dizeres: Esta caixa
pertence a quem retirar a pedra. Ela abriu a caixa e descobriu que estava cheia
de ouro. A filha do moleiro foi para casa com o coração feliz.
Quando o fazendeiro e o soldado e todos os
outros ouviram o que havia ocorrido, juntaram-se em torna do local na estrada
onde a pedra estava. Revolveram o pó da estrada com os pés, na esperança de
encontrar um pedaço de ouro.
Meus amigos, disse o rei, “com freqüência
encontramos obstáculos e fardos no caminho. Podemos reclamar em alto e bom som
enquanto nos desviamos deles se assim preferirmos, ou podemos erguê-los e
descobrir o que eles significam. A decepção é normalmente o preço da preguiça”.
Então o sábio rei montou em seu cavalo e com um delicado boa-noite retirou-se.
William
J. Bennett
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