Descontrole no acesso ao estacionamento
e entrada de mercadorias, inadimplência milionária em aluguéis e taxa de
condomínio defasada em dez anos foram algumas irregularidades diagnosticadas no
relatório elaborado pela Controladoria Geral do Estado, encomendada pela
presidência da Central de Abastecimentos do RN (Ceasa). A intenção é dar início
a uma série de medidas visando a gestão eficiente e a recuperação de receita do
órgão.
“O problema do estacionamento talvez
seja o mais gritante. Qualquer veículo pagava R$ 2 e tinha acesso. No único mês
em que houve controle, durante uma troca de gestão, a arrecadação duplicou.
Nossa expectativa é, com esse controle, um faturamento de R$ 190 mil ao ano só
com estacionamento”, estimou o controlador adjunto do Estado, Fábio Silveira.
O valor acumulado de aluguéis atrasados
dos permissionários ao longo de 15 anos atingiu o patamar de R$ 2,5 milhões
(valor bruto, sem correção monetária ou juros). “Infelizmente só poderemos
cobrar R$ 1,2 milhão desse valor, porque o restante prescreveu”. E Fábio
Silveira ressalta que esse passivo é devido por grandes lojas. “Não são os
pequenos comerciantes. São, em maioria, as chamadas lojas shopping que devem e
precisam pagar ao Estado”.
Afora a inadimplência de 221 lojas (das
442 existentes na Ceasa), o valor do aluguel está defasado em 62%, se comparado
os índices de 2003 e 2013. De acordo com previsão do controlador adjunto, a
correção dos valores e o pagamento parcelado dos inadimplentes podem render R$
4,8 milhões ao ano para o Estado.
Outra medida prevista para equilibrar a
gestão do órgão é a divisão condominial entre os permissionários. Hoje, a Ceasa
arca com todos os custos de água, luz e demais itens de manutenção do
equipamento – um custo de R$ 7,7 milhões anuais ao Estado, mesmo com o
condomínio mais barato do Brasil, a R$ 3,31 o metro quadrado. Em Pernambuco,
por exemplo, o valor do condomínio é R$ 13,85.
“A implantação dessa divisão de custos
e o reajuste no condomínio gerará uma receita de R$ 2,5 milhões ao Governo.
Essa e outras medidas de controle e fiscalização possibilitará, já para o
próximo ano, um superávit inédito no órgão há pelo menos 15 anos e permitirá ao
Governo do Estado amenizar a dívida de R$ 12 milhões da Ceasa, com passivos
trabalhistas, contratos com fornecedores, etc”, avalia Fábio Silveira.
Para o presidente da Ceasa, Flávio
Morais, são décadas de descaso com o órgão e falta de transparência na
prestação de contas e informações. “Essa auditoria direcionará medidas
emergenciais para implantarmos em até 45 dias e ajustarmos as contas e o
controle para que a Ceasa volte a ser um órgão superavitário”, frisou Flávio
Morais.
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