domingo, 4 de dezembro de 2016

“Estamos lutando para que essa área ZPA8 seja preservada”: João Maria

No dia 10 de Novembro (quinta-feira) o Programa das Comunidades na rádio 87.9 FM Litoral Norte contou com a participação de João Maria Souza, colaborador do Sítio Ecológico e Histórico Gamboa do Jaguaribe.
O Sítio Ecológico e Histórico Gamboa do Jaguaribe é uma área de proteção privada de 5 hectares de Mata Atlântica e Mangue no coração da Zona Norte, destinada à educação ambiental e ao estudo e promoção das culturas indígenas do RN.

A ZPA-8 é uma faixa Verde que compreende o estuário Potengi/Jundiaí, berçário da vida marinha.

João Maria – A ZPA 8 que corresponde a toda área da Zona Norte está em processo de regulamentação. A área vai da Redinha até os Guarapes. Serão dois momentos da regulamentação: O lado A, que pega os bairros da Redinha, Salinas e Igapó. O outro lado é o B. Essa área corresponde a 13,1% do município de Natal.  A maior Zona de Proteção Ambiental de Natal.

A seguir confira principais trechos da entrevista:


Jeferson Andrade - Nos fale um pouco sobre o sítio histórico.

João MariaO sítio histórico é uma propriedade particular de 5 hectares de Mata Atlântica; tem área de manguezal também que foi recuperada que era totalmente viveiro de camarão. Lá trabalha também a questão da cultura indígena, por exemplo, fabricação de artefatos como peteca, maracá. E também a história que onde está esse sítio, foi aldeia de Felipe Camarão. Toda essa área é chamada de Aldeia Velha, do Alto da Torre e vai até Igapó; onde habitavam os índios Tupi-Guarani nessa região.

João Maria – Estamos lutando para que essa área permaneça preservada. Está havendo muitas queimadas direto, de certa forma provocada, criminosa, não é natural, não só na ZPA 8, como a Mata do Pitimbu. É muita coincidência, várias áreas em Natal sendo queimadas.

Jeferson Andrade - O sítio ecológico e histórico Gamboa do Jaguaribe destinado à educação ambiental e ao estudo e promoção das culturas indígenas do RN. Ou seja, é um local também turístico. Para quem não conhece, como chegar ao local?

João Maria – Se for pela ponte nova entra na rua onde tem o Posto Alvorada na João Medeiros Filho, lá na frente tem Cacá Escape ou senão a rua dos Correios; pelo Conjunto dos Garis, pega a rua em frente ao prédio River Site

Jeferson Andrade - Situado num mangue, o local estava sendo desmatado para construção de viveiros de camarão? Hoje como encontra-se?

João Maria – Foi uma luta muito grande. Teve uma ação do Ministério Público com ação conjunta com o Ibama tentando acabar com esse empreendimento de carcinicultura que são os devoradores de manguezais daqui de Natal. Até hoje ainda tem. Tinha um prazo até 2015 para tirar todos os viveiros existentes nessa área da ZPA 8. Desativar a criação.
Essas áreas de manguezais são consideradas áreas de APP (Área de Preservação Permanente), devastaram muito, vão acabar com o restante. Estão acabando com o mangue.

Edward Rocha – Como surgiu, de quem foi a ideia, quem está a frente e quem pode ajudar nesse recolhimento de assinaturas que vocês estão recolhendo?

João Maria – Um coletivo. Estamos lutando para que essa área seja preservada e também um fato importante é a questão social. Essa regulamentação como eles estão querendo propor, se for analisar, se for aumentar o gabarito da Zona Norte, verticalizar, meter prédios, consequentemente essas classes sociais vão ser expulsas dessas comunidades, as classes mais humildes.
Jeferson Andrade - A ZPA-8 é uma faixa Verde que compreende o estuário Potengi/Jundiaí, o berçário da vida marinha, e com o avanço da carcinicultura e a especulação imobiliária tem sido constantemente ameaçada. A área já foi demarcada e agora passa por processo de regulamentação, através da Semurb. Como e quando acontecerá a regulamentação?

João Maria – Já teve uma audiência pública na CDL. Agora vão marcar outra.

Jeferson Andrade - Em sua opinião, se a regulamentação for realizada da maneira proposta pela Semurb, os pescadores que vivem do Potengi e seus afluentes não terão como pescar, por causa da poluição que a construção dos empreendimentos causará ao rio. Explique.

João Maria – Com essa proposta que a Semurb quer fazer, tem um interesse por trás. Se a gente analisar, tem a especulação imobiliária, exatamente isso. Vai afetar consequentemente, não só os moradores daquela região, mas todos os moradores da Zona Norte.

Vou citar um exemplo: Se meter verticalização na área da ZPA 8, quem é morador da Zona Norte, que mora do outro lado da João Medeiros Filho a questão climática vai afetar muito; Caso de saúde pública. Todo o vento da Zona Norte vem pelo estuário do rio Potengi/Jundiaí, que joga todo o vento para a Zona Norte. É muito importante que a sociedade tenha essa consciência. A Zona Sul está saturada de empreendimento imobiliário. E agora é a Zona Norte, que eles querem verticalizar, principalmente essa área da ZPA 8.
Jeferson Andrade – E qual a sugestão que vocês dão para a ZPA 8 para que possa entender melhor?

João Maria A sugestão é que se mantenha o gabarito existente que é da Zona Norte. Eles vão querer tentar mudar o gabarito. Também mexe no Plano Diretor da cidade. Toda essa regulamentação que estão correndo atrás, as ZPAs 7, 8, 9, e 10 é pensando no Plano Diretor do próximo ano. E na Câmara Municipal vão querer mudar esse gabarito da Zona Norte.

Resumo

Zona de Proteção Ambiental 8
A Zona de Proteção Ambiental 8 (ZPA 8), também denominada como Zona de Proteção Ambiental Ecossistema Manguezal e Estuário Potengi/Jundiaí, localiza-se nas Regiões Administrativas (RA) Norte e Oeste do Município de Natal, sendo a maior das zonas de proteção ambiental do município. 
A ZPA 8 ocupa uma área de 2.210 há, sendo a maior ZPA de Natal correspondendo a  35,6% da área ocupada pelas ZPAs e por 13,1% da área do município.
A ZPA-8 tem sido constantemente ameaçada pelo avanço da carcinicultura e a especulação imobiliária.

A ZPA-8 já foi demarcada e agora passa por processo de regulamentação onde serão definidas que atividades podem ser desenvolvidas na área. Se a regulamentação for da maneira proposta pela Semurb, os pescadores que vivem do Potengi e seus afluentes não terão como pescar, devido à poluição que a construção dos empreendimentos causará ao Rio.

Direção e Produção: Jornalista Waldilene Farias


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