No dia 10 de Novembro (quinta-feira) o Programa das
Comunidades na rádio 87.9 FM Litoral Norte contou com a participação de João
Maria Souza, colaborador do Sítio Ecológico e Histórico Gamboa
do Jaguaribe.
O Sítio Ecológico e Histórico Gamboa do Jaguaribe é
uma área de proteção privada de 5 hectares de Mata Atlântica e Mangue no
coração da Zona Norte, destinada à educação ambiental e ao estudo e promoção
das culturas indígenas do RN.
A ZPA-8 é uma faixa Verde que compreende o estuário
Potengi/Jundiaí, berçário da vida marinha.
João Maria – A
ZPA 8 que corresponde a toda área da Zona Norte está em processo de
regulamentação. A área vai da Redinha até os Guarapes. Serão dois momentos da
regulamentação: O lado A, que pega os bairros da Redinha, Salinas e Igapó. O
outro lado é o B. Essa área corresponde a 13,1% do município de Natal. A maior Zona de Proteção Ambiental de Natal.
A seguir confira
principais trechos da entrevista:
Jeferson Andrade - Nos
fale um pouco sobre o sítio histórico.
João Maria – O sítio histórico é uma propriedade particular de 5
hectares de Mata Atlântica; tem área de manguezal também que foi recuperada
que era totalmente viveiro de camarão. Lá trabalha também a questão da cultura
indígena, por exemplo, fabricação de artefatos como peteca, maracá. E também a
história que onde está esse sítio, foi aldeia de Felipe Camarão. Toda essa área
é chamada de Aldeia Velha, do Alto da Torre e vai até Igapó; onde habitavam os
índios Tupi-Guarani nessa região.
João Maria –
Estamos lutando para que essa área permaneça preservada. Está havendo muitas queimadas
direto, de certa forma provocada, criminosa, não é
natural, não só na ZPA 8, como a Mata do Pitimbu. É muita coincidência, várias
áreas em Natal sendo queimadas.
Jeferson Andrade - O
sítio ecológico e histórico Gamboa do Jaguaribe destinado à educação ambiental
e ao estudo e promoção das culturas indígenas do RN. Ou seja, é um local também
turístico. Para quem não conhece, como chegar ao local?
João Maria – Se
for pela ponte nova entra na rua onde tem o Posto Alvorada na João Medeiros
Filho, lá na frente tem Cacá Escape ou senão a rua dos Correios; pelo Conjunto
dos Garis, pega a rua em frente ao prédio River Site
Jeferson Andrade - Situado num mangue, o local estava sendo desmatado para
construção de viveiros de camarão? Hoje como encontra-se?
João Maria – Foi
uma luta muito grande. Teve uma ação do Ministério Público com ação conjunta
com o Ibama tentando acabar com esse empreendimento de carcinicultura que são
os devoradores de manguezais daqui
de Natal. Até hoje ainda tem. Tinha um prazo até 2015 para tirar todos os
viveiros existentes nessa área da ZPA 8. Desativar a criação.
Essas áreas de
manguezais são consideradas áreas de APP (Área de Preservação Permanente),
devastaram muito, vão acabar com o restante. Estão acabando com o mangue.
Edward Rocha – Como
surgiu, de quem foi a ideia, quem está a frente e quem pode ajudar nesse
recolhimento de assinaturas que vocês estão recolhendo?
João Maria – Um
coletivo. Estamos lutando para que essa área seja preservada e também um fato
importante é a questão social. Essa regulamentação como eles estão querendo
propor, se for analisar, se for aumentar o gabarito da Zona Norte, verticalizar, meter prédios,
consequentemente essas classes sociais
vão ser expulsas dessas comunidades, as
classes mais humildes.
Jeferson Andrade - A
ZPA-8 é uma faixa Verde que compreende o estuário Potengi/Jundiaí, o berçário
da vida marinha, e com o avanço da carcinicultura e a especulação imobiliária
tem sido constantemente ameaçada. A área já foi demarcada e agora passa por
processo de regulamentação, através da Semurb. Como e quando acontecerá a
regulamentação?
João Maria – Já
teve uma audiência pública na CDL. Agora vão marcar outra.
Jeferson Andrade - Em
sua opinião, se a regulamentação for realizada da maneira proposta pela Semurb,
os pescadores que vivem do Potengi e seus afluentes não terão como pescar, por
causa da poluição que a construção dos empreendimentos causará ao rio.
Explique.
João Maria – Com
essa proposta que a Semurb quer fazer, tem um interesse por trás. Se a gente
analisar, tem a especulação
imobiliária, exatamente isso. Vai afetar consequentemente, não só os moradores
daquela região, mas todos os moradores da Zona Norte.
Vou citar um exemplo: Se meter verticalização na área da ZPA 8, quem
é morador da Zona Norte, que mora do outro lado da João Medeiros Filho a questão climática vai
afetar muito; Caso de saúde pública. Todo
o vento da Zona Norte vem pelo estuário do rio Potengi/Jundiaí, que joga todo o
vento para a Zona Norte. É muito importante que a sociedade tenha essa
consciência. A Zona Sul está
saturada de empreendimento imobiliário. E
agora é a Zona Norte, que eles querem verticalizar, principalmente essa área da
ZPA 8.
Jeferson Andrade – E
qual a sugestão que vocês dão para a ZPA 8 para que possa entender melhor?
João Maria – A
sugestão é que se mantenha o
gabarito existente que é da Zona Norte. Eles
vão querer tentar mudar o gabarito. Também mexe no Plano Diretor da cidade. Toda
essa regulamentação que estão correndo atrás, as ZPAs 7, 8, 9, e 10 é pensando
no Plano Diretor do próximo ano. E na Câmara Municipal vão querer mudar esse
gabarito da Zona Norte.
Resumo
Zona
de Proteção Ambiental 8
A Zona de
Proteção Ambiental 8 (ZPA 8), também denominada
como Zona de Proteção Ambiental Ecossistema Manguezal e Estuário
Potengi/Jundiaí, localiza-se nas Regiões Administrativas (RA) Norte e Oeste do
Município de Natal, sendo a maior das zonas de proteção ambiental do município.
A ZPA 8 ocupa uma área de 2.210 há, sendo a maior ZPA de Natal correspondendo a
35,6% da área ocupada pelas ZPAs e por 13,1% da área do município.
A ZPA-8 tem sido constantemente ameaçada pelo
avanço da carcinicultura e a especulação imobiliária.
A ZPA-8 já foi demarcada e agora passa por processo
de regulamentação onde serão definidas que atividades podem ser desenvolvidas
na área. Se a regulamentação for da maneira proposta pela Semurb, os pescadores
que vivem do Potengi e seus afluentes não terão como pescar, devido à poluição
que a construção dos empreendimentos causará ao Rio.
Direção e Produção: Jornalista Waldilene Farias
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