O Jornal Clarim Natal/RN prossegue nesta edição
apresentando entrevistas com maestros de Bandas Marciais, Fanfarras e
Orquestras.
Confira a entrevista com a Maestrina Gabrielly Cristinny da Banda de Música da Escola Agrícola de Jundiaí
Gabrielly Cristinny Bezerra de Lima (Gabrielly Bezerra), 21 anos de idade, solteira, nasceu em Natal e mora atualmente em Macaíba.
Além de regente da Banda de Música da Escola Agrícola de Jundiaí há 3 anos, é aluna da graduação de Engenharia Florestal da UFRN; é cantora, “cantei em alguns casamentos e gravo para Internet covers de música”, falou. Ao mesmo tempo que é regente de banda, também é integrante de banda, a Banda Marcial Doutor Severiano.
JORNAL CLARIM NATAL/RN - Como chegou a ser Regente?MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA - Desde
2019 eu sou ligada a bandas, fui integrante na escola onde concluí meu Ensino
Médio, toquei no bumbo em meu primeiro ano de banda e fiquei apaixonada de
cara, e bem em relação à banda que estou hoje.
Eu já conhecia a BMEAJ, antes
mesmo de ser regente da mesma. Desde criança, quando eu via a Escola Agrícola
desfilando, sentia vontade de entrar na instituição para fazer parte da banda,
até que em 2022 entrei na EAJ/UFRN.
E em 2022, iniciou minha
caminhada como regente e eu nem sabia, pois o regente da época estava bem
ocupado com sua vida pessoal e trabalho, então sempre que ele faltava eu já
tomava a frente para não perder os dias de ensaio, mas eu não era oficialmente a
regente.
Então, no ano de 2023 saí do
Tarol e comecei a aprender Clarinete sozinha pois, sempre achei o naipe o mais
interessante e no mesmo ano virei sub-regente.
Até chegar nos dias de hoje
como regente da BMEAJ. Tive o apoio desde sempre de amigos, principalmente da
Ana Maria, minha melhor amiga e da minha Coordenadora Professora Viviane.
JORNAL CLARIM NATAL/RN - A Banda
de Música da Escola Agrícola de Jundiaí (BMEAJ) possui coreógrafo(a)?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA - Não
temos coreógrafo
JORNAL CLARIM NATAL/RN – Qual
a importância de estar à frente de uma Banda Marcial como Maestrina?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA – Desde
2019 sempre estive ligada com o mundo das bandas. Desde aquele tempo, eu sinto
que já estava sendo moldada para o papel, mesmo sem nem sequer pensar em ser. E
é muito importante no meu caso, pois é uma banda que eu sempre admirei desde
criança. A BMEAJ sempre foi referência para mim.
Então, é muito gratificante
estar à frente da banda que eu tanto sonhei em estar e dessa forma conseguindo
mudar vidas através da música.
JCN - Quantos anos tem a Banda de Música da Escola Agrícola de Jundiaí (BMEAJ)?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA - A
BMEAJ tem mais de 40 anos de existência, ativa desde de os anos 60, porém só
oficializaram a BMEAJ como projeto de extensão no ano de 2012 e em 2014 a
coordenação da banda foi assumida pela professora Viviane Medeiros, que
continua sendo a atual coordenadora geral.
JCN - A
Banda Marcial já ganhou premiações? Quais?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA - Apenas
premiação de participação
JCN - A Escola
Agrícola de Jundiaí (BMEAJ) é composta por quantos componentes?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA - Atualmente
temos 50 componentes, mas em seus anos de glória a BMEAJ já chegou a ter 120
componentes.
JCN - Qual o diferencial da Banda de Música da Escola Agrícola de Jundiaí (BMEAJ)?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA - O
nosso diferencial além dos sopros e liras, desde que conheço, antes mesmo de
ser regente, nós somos uma banda de música. Então não somos limitados, apenas a
apresentações de forma marcial em desfiles. Temos grupos de concerto com
pessoas com talentos, além dos instrumentos de bandas marciais e fanfarras.
JCN - Qual é a sua grande vitória como regente?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA – A
minha grande vitória é ter conseguido ser a PRIMEIRA REGENTE FEMININA da BMEAJ.
Nunca houve uma liderança
feminina à frente da banda, isso foi marco histórico na banda e um marco
histórico na minha vida também.
JCN - As Bandas Marciais e Bandas de Música são espaços de inclusão social? Por quê?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA – Porque
nas bandas conseguimos ser nós mesmos, é nas bandas que são formados grandes
laços de amizades e laços fortes no geral; é onde sentimos que pertencemos a um
lugar, que somos aceitos e acolhidos mesmo com nossas diferenças.
JCN - Na
realidade, qual o papel social das Bandas, Fanfarras e Orquestras?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA – O
papel das Banda de forma social é incluir, abranger todos os tipos de pessoas,
é ajudar pessoas através da música, sejam elas negras, pobres, de diferentes
orientações sexuais, de algum nível do Espectro Autismo, tirar elas da
ansiedade, da depressão, evolução da coordenação motora, aprender de fato a
mudança que a música faz na vida de uma pessoa.
JCN - Qual
a atual situação das Bandas Marciais, de Música, Fanfarras e Filarmônicas com
relação ao apoio do poder público?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA – Felizmente
a nossa arte, ela a mais pedida é conhecida em meio público/político, mas
infelizmente não é tão valorizada quanto gostaríamos que fosse. Algumas bandas
são extremamente apoiadas pelos seus estados, suas cidades, enquanto outras
precisam praticamente suplicar para conseguirem o básico.
JCN - Você acha que onde existe o trabalho com jovens envolvidos com Bandas Marciais o cenário se transforma? Por que?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA – Sim,
os jovens são a vida do nosso futuro, a banda transforma jovens que estão na
monotonia da vida para jovens ativos e com um objetivo, e que por onde passam
abrilhantam o lugar.
JCN - Quais
os principais desafios para colocar uma Banda na rua, através de desfiles
cívicos?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA – Um dos
principais desafios, no meu caso, é a falta de apoio que mal vem da
instituição. Não recebemos verba para materiais, para instrumentos novos, nossa
forma de manutenção é muito baixa, tiramos do nosso próprio bolso para
conseguirmos fazer o mínimo e ter o mínimo, sem contar que o transporte tem
ficado cada vez mais complicado a cada ano que passa. Acho que as pessoas de
fora que sempre olham para a BMEAJ pensam: "eles devem ganhar tudo da
UFRN", mas para falar a verdade é a nossa coordenadora Viviane, os
bolsistas e alguns colaboradores e amigos envolvidos como Artur Dantas (regente
da BMDS), que dão quase a vida para que o projeto continue, mesmo em meio a
adversidade.
JCN - Algumas Bandas Marciais vêm desaparecendo. Você acredita que o motivo seria um reflexo da desvalorização da cultura local, bem como a ausência de atividades regulares de arte nas escolas, que inclui ensaios permanentes?
MAESTRINA GABRIELLY BEZERRA – Sim
acredito, pois como falei, a nossa arte é muito solicitada, mas pouco apoiada,
a música em si nas escolas tem sido deixada de lado, e então acredito que as
bandas, músicas, marciais, fanfarras e filarmônicas, seja uma forma de
resistência, porque afinal, o que seria de nós sem a música para embalar os
nossos dias?
Seríamos como sacos vazios e
corações pesados, somos a arte que preenche vidas e abrilhanta avenidas.
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