segunda-feira, 21 de julho de 2025

Esporte amador do RN revela talentos, enfrenta barreiras e clama por visibilidade e apoio

Apesar do elevado número de praticantes e do crescimento notável da modalidade, o basquete potiguar encontra enormes dificuldades para se consolidar como um celeiro esportivo de referência.


O esporte amador do Rio Grande do Norte pulsa com força, mas o basquete destaca-se como uma das modalidades mais praticadas, especialmente entre os jovens. Em Natal, as quadras escolares — sobretudo das instituições privadas — tornaram-se arenas de disputas intensas, com campeonatos escolares super acirrados que alimentam rivalidades esportivas e revelam talentos a cada temporada.

Apesar do elevado número de praticantes e do crescimento notável da modalidade, o basquete potiguar encontra enormes dificuldades para se consolidar como um celeiro esportivo de referência. Estruturas inadequadas, falta de apoio financeiro, ausência de políticas públicas consistentes e quase nenhuma visibilidade na imprensa local tornam o cenário desafiador.

 O domínio das escolas privadas e a desigualdade estrutural



As escolas particulares lideram as competições e concentram a maioria das oportunidades da prática a formação técnica e tática. Porém, o talento brota também nas quadras improvisadas das escolas públicas, nos bairros periféricos e nos poucos projetos sociais existentes, onde jovens apaixonados pela bola vermelha enfrentam condições precárias para treinar.

Em muitas dessas quadras, nem sequer há tabelas de basquete regulamentares, seus pisos são impróprios, não possuem iluminação e a prática ocorre de forma improvisada ou precariamente limitada. Esse déficit estrutural alimenta a desigualdade e afasta jovens promissores da prática regular e segura do esporte.

                                    O êxodo silencioso: talentos que deixam o RN

O resultado desse abandono institucional é visível, muitos atletas potiguares, com enorme potencial, acabam deixando o estado em busca de melhores condições para desenvolver suas carreiras. São jovens que poderiam fortalecer equipes locais, inspirar novas gerações e consolidar o RN como uma potência esportiva, mas que migram por uma oportunidade para representar times regionais ou nacionais que oferecem melhor estrutura e visibilidade. Por outro lado, muitos talentos são desperdiçados e abandonam o esporte prematuramente, sem acesso a apoio ou perspectivas de profissionalização.

                          A resistência dos clubes e profissionais apaixonados

Entre os poucos exemplos de resistência está o clube Desportivo Rio Grande, que com muita dificuldade e apoio que merece, consegue garantir aos seus atletas a participação em competições nacionais e regionais, mantendo o basquete potiguar vivo no cenário esportivo brasileiro. Essa resistência só é possível graças a sua equipe técnica dedicada e comprometida, composto por treinadores, professores, árbitros e voluntários que se desdobram para garantir que o basquete não desapareça das quadras potiguares. 

                            Depoimento: a luta diária de quem acredita no basquete

O esforço para manter a prática esportiva, mesmo sem apoio, é um desafio constante para famílias e atletas. Nilberto Galvão, pai de atleta que representa a seleção do Rio Grande do Norte, o clube Desportivo Rio Grande e uma Escola privada, descreve bem essa realidade: “O basquete transformou a vida do meu filho. Ele encontrou disciplina, amigos, oportunidades e sonhos. Mas, ao mesmo tempo, sentimos na pele as dificuldades. Faltam quadras adequadas, falta apoio para viajar, competir e crescer no esporte. Aqui em Parnamirim, onde residimos por exemplo, as dificuldades são maiores ainda, as quadras de esporte existentes não possuem sequer tabelas de basquete, e para que ele possa continuar treinando, precisamos se deslocar três dias da semana no período da noite até Ponta Negra, em Natal, onde há uma quadra com tabela. É desgastante, cansativo, dispendioso, mas é a única maneira. A gente vê meninos e meninas talentosos que desistem porque não têm condições de continuar praticando o basquete. Como pai, meu maior desejo é que as autoridades enxerguem o potencial dessas crianças e do que esse esporte pode ser capaz de trazer para o estado; e ofereçam as condições necessárias para que elas não precisem sair do estado para ter um futuro no basquete”, falou o pai do atleta.

O relato de Nilberto sintetiza o drama de muitas famílias potiguares que, apesar das dificuldades, seguem investindo tempo e recursos para manter viva a chama do esporte.

 

 


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