Coluna
Nordeste do Nordeste
NEWTON NAVARRO “OS MORTOS SÃO ESTRANGEIROS”
Há alguns dias li o
livro de Newton Navarro do qual o título já está exposto, são sete contos que
nos prendem e fascinam do início ao final.
Por causa da leitura
do livro procurei saber quem era Newton Navarro, descobri para a minha surpresa
que foi dramaturgo, pintor, desenhista, poeta e claro escritor.
Na primeira leitura
“a viajem e volta do boi Milonga”, fiquei triste como fim do boi, o meu
espirito de leitor não estava preparado para tal enredo (tragédia), gostaria de
homenagear o boi Milonga, usando as palavras de despedida do Newton Navarro,
“vá, meu boi, vá”.
No segundo conto
viajei com a cadeira, nostalgia de quem contempla a tudo e a todos, onde o
tempo e cadeira eram parceiras da avó, das saudades, das memórias que o tempo
leva. No conto dos cavalos, mergulhei no abstrato das imagens, do menino Pedro
e seus cavalos, do menino feliz e realizado.
No quarto conto
estava Antônio e seus patos tendo o seu fiel escudeiro Molambo nas lembranças
atenuadas de sua liberdade. O outro conto “Pão de milho” me faz lembrar, do pão
nosso de cada dia, o pão hoje, do partilhar, da comunhão, de não sonegar do
outro o alimento.
O outro conto
“Sexta-feira da Paixão”, coincidência ou não o sexto conto do livro, vêm
mostrar a dor de uma mãe que perde o seu filho assassinado, sexta feira da
paixão traz à lembrança de mais alguém (mãe) que viu seu filho ser crucificado,
a dor de outras mães anônimas ou não.
Os mortos são
estrangeiros o último conto deste livro e que leva o título da capa, nos faz
lembrar que eles não fazem mais parte deste reino, reino dos vivos, fazem parte
do reino das memórias, reino dos mortos, reino além vida terrena, por isso são
estrangeiros, são estrangeiros a nossa realidade ou somos nós que somos os
estrangeiros que já não participamos mais das suas “realidades”?
Esse e o Newton
Navarro que poucos conhecem ou sabem que é. Newton Navarro, nome de ponte, que
nessa ponte possam nascer, leituras, leitores, foi passando nesta ponte, nas
idas e vindas do trabalho, que fiz a leitura deste livro. E nasceu esse momento
textual.
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