O Jornal Clarim Natal a partir
desta edição realizará entrevistas com maestros de Bandas Marciais, Fanfarras e
Orquestras.
Você irá conhecer as diversas
Bandas, como espaços de inclusão social e aprendizagem da juventude, tanto
musical quanto cidadã, seus regentes, e desafios.
Confira a entrevista com o Maestro Alexsérgio de Música Olival de Freitas (BAMOF)
Alexsérgio Ferreira dos Santos, 33 anos, nasceu em Piquri – Canguaretama/RN, casado. Além de regente da Banda de Música Olival de Freitas (BAMOF) há 16 anos, trabalha como professor de música e na área contábil.
JORNAL
CLARIM NATAL - Como chegou a ser maestro?
ALEXSÉRGIO - Tive contato com a música aos 12 anos de idade, quando estudava o Fundamental
II na aula de artes, mas não era nada técnico. Logo após entrei em uma Fanfarra
da minha cidade, onde comecei tocando corneta, e em seguida conheci meu
primeiro professor de música que dava aula na cidade vizinha (Pedro Velho-RN),
que por acaso é Olival de Freitas. Foi aí onde comecei a estudar música, teoria
e prática, no ano seguinte que foi em 2003. Eu comecei a ficar à frente como
"maestro" da Fanfarra que eu tocava, e após esse período, que só
durou um ano, eu juntamente com alguns amigos montamos a então Banda de Música
Olival de Freitas (BAMOF), no qual eu sou maestro até hoje. Nesse período, eu entrei na UFRN para estudar
música, fiz o Técnico a princípio e atualmente faço Licenciatura em Música.
JCN - A Banda de
Música Olival de Freitas é composta por quantos membros?
ALEXSÉRGIO – Mais de 100 pessoas, incluindo músicos, ballet e organizadores.
JCN - Qual é a sua grande vitória como maestro?
ALEXSÉRGIO - Acredito que repassar conhecimento para crianças e adolescentes seja uma
das minhas grandes vitórias.
JCN - As Bandas
Marciais são espaços de inclusão social? Por quê?
ALEXSÉRGIO - Com toda certeza sim, são espaços de inclusão social. As bandas são celeiros, onde crianças, adolescentes, pessoas que sofrem alguma discriminação ou tenham problemas socias, possam desenvolver uma atividade que pode tanto ajudar em questões cognitivas, de desenvolvimento físico, psíquico, como na inclusão, e até mesmo podendo ajudar no seu futuro como um profissional do meio musical, dando- lhes muitas oportunidades.
JCN - Na
realidade, qual o papel social das Bandas, Fanfarras e Orquestras?
ALEXSÉRGIO - Acredito que se resume em inclusão.
JCN - Qual a
atual situação das Bandas Marciais, Fanfarras e Filarmônicas com relação ao
apoio do poder público?
ALEXSÉRGIO - A música, de um modo geral é muito desvalorizada perante o poder público.
Eles não disponibilizam quase nenhum
recurso para que as bandas possam se manter; eles gostam e sempre estão pedindo
que as bandas se apresentem, com boa música, bom figurino, porém ajudar, dar
pelo menos um suporte, não fazem.
JCN - A sua Banda
recebe incentivo do poder público?
ALEXSÉRGIO – Não. Somos uma banda sem nenhum tipo de ligação com órgãos públicos, mas
o fato de não ter ligação não os impede de nos ajudar. Tudo é custeado pelos
componentes, pais, ou ações e eventos que realizamos para arrecadar fundos, ou
quando nos contratam para algum evento que pagam cachê. Nós sobrevivemos até
hoje dessa forma.
JCN - Quais os principais desafios para colocar uma Banda na rua,
através de desfiles cívicos?
ALEXSÉRGIO - Para colocar uma banda na rua os desafios são muitos, acredito que o
maior de todos é o investimento. Existem milhares de custos para uma banda
funcionar, como por exemplo: compra de instrumentos musicais, fardamento, uma
sede para poder ter onde ensaiar, ter aulas de músicas e dança, tanto a banda
como o ballet, manutenção de instrumentos musicais, equipamentos extras como
palhetas para instrumentos, estantes, impressora, óleos lubrificantes para os
instrumentos, e muitas outras coisas.
JCN - Diversas
Bandas Marciais e Fanfarras se acabaram, afetando diretamente a cultura e área
musical. Em sua opinião, o que fazer para resgatá-las?
ALEXSÉRGIO – Primeiramente cada cidade deveria amparar essas instituições, dando um suporte para que elas tenham condições de funcionar. A primeira coisa seria destinar um prédio público para que se faça uma escola de música; segundo, contratar um bom professor de música, uma pessoa qualificada, com formação e experiência na área. e depois comprar pelo menos o básico de material, para que as aulas comecem a serem realizadas, e assim as bandas comecem a ensaiar e dar resultado.
JCN - Qual mensagem você deixaria para o poder público?
ALEXSÉRGIO - A arte e a cultura são fundamentais para a sociedade. Crianças e
adolescentes estão ai perdidos, e a música pode ajudar a resgatá-los, a dar
dignidade a eles, dar uma profissão, um lugar digno perante a sociedade, e não
precisa de praticamente nada. O custo para fazer apenas o básico é pouco, o que
falta é querer e fazer.
JCN - Qual
mensagem você deixaria para os amantes das Bandas Marciais e Fanfarras?
ALEXSÉRGIO - Sempre estaremos aqui, fazendo os nossos "shows", pois
independente de órgão público, nós fazemos porque gostamos, amamos. É difícil?
É! Muito difícil, mas quando se faz algo com amor, sempre se dá um jeitinho
para que tudo dê certo. Poderia ser muito melhor caso tivéssemos apoio das
instituições públicas, mas por enquanto seguimos fazendo o que está ao nosso
alcance.
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