Luisinho entra em casa furioso da
vida. Seu pai, que estava indo para o quintal para trabalhar na horta, ao ver
aquilo chama o menino para uma conversa. Luís, que tem oito anos de idade, o acompanha
desconfiado.
Antes que seu pai diga alguma coisa,
o menino fala irritado: - Pai, estou com muita raiva. O Juca não deveria ter
feito aquilo comigo. Desejo tudo de ruim pra ele.
Seu pai escuta calmamente o
filho, que continua a reclamar: - O Juca me humilhou na frente dos meus amigos.
Não aceito isso. Gostaria que ele ficasse muito doente, sem poder sair de casa.
O pai escuta calado, enquanto
caminha até um depósito onde guarda um saco cheio de carvão. Levou, então, o
saco até o fundo do quintal. O menino o acompanhou calado.
Luís vê o saco ser aberto e,
antes mesmo de fazer uma pergunta, o pai lhe propõe: - Filho, faz de conta que
aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amiguinho Juca e que
cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. Quero que você
jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto
para ver como ficou.
O menino achou que essa seria uma
brincadeira divertida e pôs mãos à obra.
O varal com a camisa estava longe
do menino e poucos pedaços acertavam o alvo. Mas o menino não desistiu enquanto
não esvaziou o saco de carvão.
Depois de uma hora, o menino
terminou a tarefa. O pai, que espiava tudo de longe, se aproximou do menino e
lhe perguntou: - Filho, como está se sentindo agora? - Estou cansado, mas estou
alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.
O pai olha para o menino, que
fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala: - Venha
comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.
O filho acompanha o pai e, no
quarto, é colocado na frente de um grande espelho. Que susto! O menino está tão
sujo de carvão que mal pode enxergar os dentes.
O pai, então lhe diz ternamente: -
Filho, você viu que a camisa quase não se sujou? Mas olhe só o estado em que
você ficou! O mal que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais
que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os
resíduos, a fuligem ficam sempre grudados em nós mesmos.
Cuidado com seus pensamentos, eles
se transformam em palavras.
Cuidado com suas palavras, elas
se transformam em ações.
Cuidado com suas ações, elas se
transformam em hábitos.
Cuidado com seus hábitos, eles
moldam o seu caráter.
Cuidado com seu caráter, ele
controla o seu destino.
"Então, Pedro,
aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra
mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete,
mas até setenta vezes sete." Mt 18:21-22
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