Nossa entrevistada da série de entrevistas 2022 é Márcia Maia, ex-deputada
estadual, a primeira mulher a ocupar a presidência da
Assembleia Legislativa do RN e diretora-presidente da Agência de Fomento
do Rio Grande do Norte (AGN) que conversou sobre visão de
política, sua trajetória política, sua bandeira de destaque que vai ser
espelho do seu mandato, caso seja eleita, entre outros assuntos.
Confira a entrevista na íntegra.
Márcia Faria Maia, Divorciada é
natural de Natal/RN. Cursou o Nível Superior com formação em Ciências Sociais e
pós-graduada em Gestão Pública e Políticas Públicas. É Socióloga.
JORNAL CLARIM NATAL – Qual seu partido?
MÁRCIA MAIA – Republicanos
JCN – Qual sua função no partido?
MÁRCIA MAIA – Secretária Geral do
Republicanos-RN
JCN – Você é
Pré-candidata a algum cargo nas eleições de 2022? Qual?
MÁRCIA MAIA – Sim, sou
pré-candidata a deputada federal.
JCN – O que a
levou a colocar seu nome à disposição de uma pré-candidatura nestas
eleições?
MÁRCIA MAIA – Tenho uma história
construída na construção e execução de políticas públicas. Foram 20 anos no
parlamento estadual e praticamente uma década no Executivo em passagens por
pastas da Assistência Social, Trabalho e Habitação, além da Agência de Fomento
o RN. Hoje, me sinto mais do que pronta a dar uma contribuição ao Rio Grande do
Norte numa outra esfera, agora em âmbito federal. Levar para a Câmara dos
Deputados o debate sobre políticas públicas que impactem na vida das pessoas,
debater orçamento que inclua as pessoas mais carentes, emprego,
empreendedorismo e crescimento econômico sustentável.
JCN – Qual é a
sua visão de política?
MÁRCIA MAIA – Vejo a política como
uma ferramenta de transformação da vida das pessoas. É a prática constante do
diálogo, do equilíbrio entre visões distintas, sempre com o objetivo de
oferecer a sociedade pontes para o desenvolvimento humano, social e econômico.
É através da política que podemos combater a violência, a desigualdade social,
fortalecer os investimentos em educação, saúde e segurança, além da promoção do
emprego e geração de renda. É através dela que transformamos a vida em
sociedade, e principalmente, damos voz e representatividade a quem não tem.
JCN – Qual sua
bandeira de destaque que vai ser espelho do seu mandato, caso seja
eleita?
MÁRCIA MAIA – A ideia é que
possamos lutar contra a desigualdade social em frentes distintas e que se
complementam. Precisamos lutar contra o desemprego que assola o país, e claro,
o Rio Grande do Norte.
Por isso, precisamos
criar ferramentas que estimulem a criação de empregos de qualidade e isso passa
pela inovação na legislação, mas com um olhar para a preservação de direitos
dos trabalhadores. É preciso ainda observar e atacar também a tributação das
empresas e dos cidadãos, garantir que os impostos sejam cobrados de maneira
justa e eficiente. Precisamos simplificar o caminho do empreendedor para que
ele possa se formalizar, alcançar crédito e investir para crescer.
É fundamental, ainda,
incluir as pessoas mais carentes no orçamento para que as políticas públicas
não só as alcancem, mas sejam eficientes em impactar positivamente suas vidas.
E, claro, defender o investimento sustentável em educação, saúde e segurança,
tripé básico para nossa sociedade avançar.
JCN – Como você
avalia o processo eleitoral deste ano?
MÁRCIA MAIA – A disputa eleitoral
este ano vai ser importante e decisiva para o que a sociedade
norte-riograndense deseja para seu futuro, especialmente em nível de
representatividade parlamentar. Acredito que o debate precisa ser qualificado
em nível federal para que a voz do cidadão possa, de fato, ser representada na
Câmara Federal com aquilo que vai impactar positivamente sobre suas vidas, não
discussões estéreis, debates que não trarão quaisquer benefícios à população
E, inclusive, a
garantia de que o Rio Grande do Norte tenha representantes que preservarão e
defenderão o direito à universidade pública gratuita, direito à moradia, à
saúde e educação, direitos que vêm sendo ameaçados por iniciativas que
favorecem quem tem muito e tiram de quem tem pouco ou nada. Por isso, o cidadão
precisa ficar atento, fugir de fakenews e buscar representantes que defendam,
de fato, seus direitos.
JCN – A
participação de mulheres na política ainda é pequena. A que você atribui essa
cota pequena?
MÁRCIA MAIA – Até 90 anos atrás,
mulher não podia votar ou ser votada. Até 1983, a mulher era proibida de jogar
futebol. Na década de 70, as mulheres eram proibidas de ter cartão de crédito.
Durante muitos anos, bancos negavam cartões de créditos ou abertura de contas
para mulheres que fossem solteiras ou divorciadas. Cenários assim limitavam a
mulher em questões básicas, atacavam a autoestima e o potencial para
realizar.
E isso, claro, se
reflete na representatividade política e no senso de pertencimento a uma série
de debates, inclusive na política. As mulheres são apenas 15% dos integrantes
na Câmara Federal. E o Brasil perde para quase todos os países da América
Latina em percentuais de participação política de mulheres. Até neste momento
difícil do Afeganistão, principalmente para as mulheres e crianças, o
Parlamento tem 27% de mulheres.
Avançamos muito nos
últimos anos, mas ainda precisamos avançar mais. Quando a mulher é bem
representada no parlamento, debates relativos à vivência feminina é
representado, mas também a própria sociedade passa a ser representada com mais
exatidão nas suas mais diversas nuances.
JCN – Quais os desafios e barreiras da
mulher no poder?
MÁRCIA MAIA – Os desafios se
colocam desde o momento em que se colocam as crenças limitantes de que mulher
não pode fazer isso ou aquilo. É preciso, antes de tudo, que nossas meninas
possam ser criadas com a percepção de que são capazes de fazer tudo aquilo que
desejam.
E, claro, criar
garotos que respeitem a liberdade das mulheres e permitam que elas trilhem seus
caminhos sem lhes impor obstáculos apenas por elas serem mulheres. Digo isso,
porque essas barreiras representadas na infância e adolescência se reproduzem
na fase adulta.
A mulher precisa se
provar duas vezes mais, encarar preconceitos, superar uma cultura machista que
afasta as mulheres das posições de poder e decisão. É preciso muita
determinação, coragem e o apoio de outras mulheres para que essas posições
possam ser ocupadas com mais frequência.
JCN – Fale um
pouco sobre sua trajetória política?
MÁRCIA MAIA – Fui deputada estadual
por cinco mandatos, a primeira mulher a ocupar a presidência da Assembleia Legislativa
do RN e presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) em
2015 e 2017. Nas duas oportunidades, conduzi a comissão a desempenhos recordes.
Em 2017, criei o movimento Frente nas Cidades, em defesa da instalação de
Frentes da Criança e do Adolescente nas Câmaras Municipais do RN.
Como parlamentar,
dentre as mais de 100 leis aprovadas, destacaria a Implantação da Escola de
Tempo Integral; Bolsa-Atleta; Parlamento Jovem; Política Estadual de Combate à
Dengue; Programa de Geração de Trabalho, Emprego e Renda, Reserva de Vagas em
Terceirizadas para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica, dentre outros.
Foram ainda mais de 2 mil requerimentos aprovados, centenas de audiências
públicas e pronunciamentos em defesa do cidadão potiguar.
Minha atuação sempre
foi fortemente ligada às causas sociais, e destacaria nesta atuação, a
implantação do maior programa de qualificação profissional e geração de emprego
e renda já realizado no estado quando fui titular da Sethas, no governo Wilma
de Faria. E mais recentemente, como diretora-presidente da AGN tive a
oportunidade junto a um grupo excepcional de servidores promover uma
reestruturação da instituição financeira de desenvolvimento que levou a
realização de um investimento nos últimos três anos de cerca de R$ 85 milhões
na economia potiguar no governo da professora Fátima Bezerra.
Enfim, carrego nas
veias a dedicação e o espírito público de Wilma de Faria e Lavoisier Maia, dois
ex-governadores que deram uma grande contribuição ao estado do Rio Grande do
Norte e cujo legado pretendo defender e dar continuidade através do meu
trabalho, onde quer que eu esteja.
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