A nossa entrevistada desta
edição é a diretora-presidente
da Agência de Fomento do Rio Grande do Norte (AGN), ex-deputada Márcia Faria Maia.
Confira
a entrevista completa!
JORNAL
CLARIM NATAL - Faça um
balanço de sua gestão à frente da AGN (Agência de Fomento do Rio Grande do Norte), até o momento.
MÁRCIA
MAIA - Não somos apenas uma instituição financeira, somos uma poderosa
engrenagem no motor do desenvolvimento norte-rio-grandense, que carrega em sua
essência, a filosofia de política pública, a filosofia de uma gestão estadual
que vê indivíduos antes de números, histórias antes de estatísticas.
Por isso, compreendemos desde o primeiro momento o papel da Agência de
Fomento do RN, assim como a própria governadora Fátima Bezerra. Assim,
conseguimos um desempenho histórico nesses primeiros três anos e alcançamos um
investimento de mais de R$ 81,1 milhões em crédito para impulsionar negócios no
estado entre 2019 e 2021. A instituição financeira tem o Governo do Estado como
principal acionista.
O volume de recursos, por ano, cresceu até alcançar o resultado total de
R$ 81.157.082,027 no triênio 2019-2021. No período, 18.898 empreendedores
formais e informais foram atendidos com financiamento dentre as diversas linhas
de crédito disponibilizadas pela instituição. A projeção é de que cerca de 28.347
mil postos de trabalho foram mantidos/criados a partir dos financiamentos
realizados.
No primeiro ano, foram R$ 18,4 milhões investidos, saltando no ano
seguinte para R$ 28,5 milhões e alcançando em 2021 a marca histórica de R$ 34,2
milhões para um total de 6.908 empreendedores atendidos em todo o território
norte-rio-grandense.
Em 22 meses de pandemia, levando em conta o período de 24 de março de
2020 até 31 dezembro de 2021, foram 12.025 empreendedores atendidos com
financiamento para um volume total de R$ 58,9 milhões investidos na economia
através de financiamento. O desempenho no período supera resultado obtido pela
própria instituição no intervalo entre 2015 e 2018.
O desempenho geral na concessão de financiamentos advém de uma série de
medidas tomadas por nós, à frente da instituição. Os resultados alcançados são
frutos da política de abertura do crédito de forma cada vez mais simplificada e
próxima do empreendedor, bem como, da possibilidade de novos segmentos da
economia encontrarem linhas de crédito adequadas às suas realidades.
Ao longo dos últimos três anos, ampliamos a atuação e passamos a atender
por novos setores da economia, como Agricultura Familiar, Artesanato, Comércio,
Cultura, Economia Solidária, Indústria, Juventude Empreendedora, Pesca,
Serviços, Turismo.
O crédito da AGN está presente, hoje, nos 167 municípios do RN, fruto da
ampliação das parcerias junto às Prefeituras, CDLs, Sebrae, Sindicatos e
Associações, criação de linhas para atender setores nunca alcançados, ampliação
dos valores financiáveis, criação de plataforma digital de crédito, dentre
outras medidas.
A Agência tem contribuído com o emprego e a geração de renda para a
população norte-rio-grandense que empreende. Cada negócio financiado gera ou
mantém 1,5 posto de trabalho direto. No último triênio, foram 28.347 postos de
trabalho assegurados. Se for levado em conta o impacto direto a partir das
famílias dos empreendedores, são 75,5 mil pessoas alcançadas.
Não apenas isso, a instituição tem olhado também para o estímulo à
formalização dos empreendedores e tem atuado em parceria com o Sebrae. Desta
forma, o número de MEIs atendidos saltou 225% em pouco mais de três anos
(2019/2022) em relação ao período de 2015 e 2018. Em números absolutos, saiu de
2.739 para 6.183. São 14% dos financiamentos realizados no período entre
2015-2018 de MEIs saltaram para 32,4% no período 2019-2022.
Além disso, estamos aprimorando cada vez mais os processos internos da
instituição, nossa presença digital e também física, com o atendimento nos
municípios com nossa equipe técnica e parceiros, enfim, uma gestão próxima de
quem precisa. Na AGN, fomentamos empreendedores, empreendimentos, mas
principalmente, pessoas, ideias, o desenvolvimento econômico, social e humano.
JORNAL CLARIM NATAL - Qual o diferencial de sua administração?
MÁRCIA
MAIA - Diria que a proximidade que a Agência conquistou junto ao
empreendedor e a democratização do acesso ao crédito. Não apenas ampliamos os segmentos
da economia alcançados por nossas linhas, mas conseguimos estar mais próximos,
ouvindo mais, conversando mais com os segmentos, o que permitiu que
construíssemos iniciativas de verdadeiro impacto na vida do empreendedor, de
suas famílias e, consequentemente, na economia dos municípios.
JCN - Quais metas não
conseguiu cumprir?
MÁRCIA
MAIA - Quanto ao planejamento estratégico da instituição, posso
dizer que alcançamos e superamos todos os números esperados para o triênio
quanto ao financiamento às atividades econômicas dispostas em nosso rol de
produtos de crédito. Contudo, alguns desejos não puderam ser implementados
ainda, em função de termos dirigido grande parte dos nossos esforços para o
auxílio ao empreendedor durante a pandemia, principalmente.
A principal delas é quanto a construção de uma linha de crédito - a qual
iniciamos já a discussão para formatação - de atendimento a mulheres
empreendedoras vítimas de violência doméstica. Sabemos o peso que a dependência
econômica tem no ciclo de violência e a perpetuação dele. E por isso, uma
alternativa com o incentivo ao empreendedorismo pode libertá-las dessa condição
em muitos casos.
Mas de forma geral, diria que conseguimos fazer muito e construir ao
lado dos colaboradores e demais diretores da instituição, um grande legado à
frente da AGN.
JCN - Qual meta a senhora tem como
primordial e ainda não foi implantada?
MÁRCIA
MAIA - Fica como registro, de fato, a linha de crédito voltada à
mulheres empreendedoras vítimas de violência doméstica.
JCN - O CredJovem
é uma linha dentro do microcrédito voltada para a juventude empreendedora. Como
funciona?
MÁRCIA
MAIA - Sabemos da dificuldade, especialmente dos jovens em busca do primeiro
emprego, de buscar uma vaga, ainda mais neste momento de pandemia. E neste
cenário de crise, torna-se fundamental oferecer alternativas através do
empreendedorismo uma saída para transformar talentos em negócios. construir uma
alternativa para garantir renda e reconhecimento de seus empreendimentos.
Por isso, o construímos junto a Semjidh o Credjovem, uma linha de
financiamento do programa Microcrédito do Empreendedor Potiguar para atender
empreendimentos geridos por jovens entre 18 e 29 anos – formais ou informais,
do campo ou urbanos, solidários ou convencionais – aliada à capacitação para
utilização do recurso e sobrevivência na crise.
Para ter acesso ao crédito, além de já ter um empreendimento em curso, o
jovem deve estar sem pendências com seu CPF ou CNPJ (se Microempreendedor
Individual) e passar por cadastro e triagem a ser realizado pela SEMJIDH, bem
como, participar de capacitação e acompanhamento da execução do plano de
negócio.
Os jovens poderão obter financiamentos com valores que podem chegar até
R$ 12 mil, sendo este o valor máximo para operações realizadas por empreendedores
formalizados como Microempreendedor Individual (MEI). Para aqueles que atuam de
maneira informal, os financiamentos podem chegar até R$ 3 mil.
O financiamento é condicionado a análise de crédito do cliente realizada
pela AGN-RN, após triagem pela SEMJIDH. O prazo para quitação das parcelas é de
12 meses para informais e de 24 meses para os profissionais formalizados. A
taxa de juros varia de 1,5% a 1,7% ao mês a depender da natureza do
financiamento. O cliente que efetuar o pagamento em dia terá um bônus de
adimplência, ou seja, os juros serão subsidiados pela própria agência.
A capacitação e orientação para elaboração do plano de negócios e gestão
de empreendimentos acontece através de parceria com o Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e contará ainda com apoio, a
depender do perfil do negócio, da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Rural
e da Agricultura Familiar (SEDRAF) e Secretaria de Trabalho, Habitação e
Assistência Social (SETHAS).
Os jovens que buscarem o financiamento deverão cumprir, dentre outras
exigências, o disposto na legislação relacionada a prevenção e combate ao
trabalho infantil, trabalho adolescente (salvo na condição de aprendiz) e na
condição análogo ao escravo, sob pena de não liberação do crédito.
Para se inscrever, o jovem precisa entrar em contato com a Subsecretaria
da Juventude via e-mail (sejuv.semjidh@gmail.com) para preenchimento dos
formulários para análise de viabilidade. Caso tenha alguma dúvida, basta enviar
e-mail para o mesmo endereço com o respectivo questionamento.