O Jornal Clarim Natal vem
realizando entrevistas com maestros e maestrinas de Bandas Marciais, Fanfarras
e Orquestras.
Você irá conhecer as diversas
Bandas, como espaços de inclusão social e aprendizagem da juventude, tanto
musical quanto cidadã, seus regentes, e desafios.
Confira a 4ª entrevista
com a Maestrina Alcilene Costa de Lima da Banda Marcial Alzelina de
Sena Valença, Parnamirim/RN
Alcilene Costa de Lima,
22 anos, nasceu em Natal/RN, solteira.
Além de regente da Banda Marcial Alzelina de Sena Valença de Parnamirim há 3 anos, é instrutora de
Laboratório em uma escola de cursos profissionalizantes no turno da manhã e
auxiliar de sala de aula em uma Escola Municipal de Natal no turno da tarde.
JORNAL CLARIM NATAL - Há quanto
tempo você é maestrina/regente da Banda Alzelina de Sena Valença?
ALCILENE - Em 2017, tive uma oportunidade em uma Banda Marcial mais
conhecida da cidade de Parnamirim para reger em um desfile. E há 3 anos iniciei
a regência desta banda a qual estou hoje, no caso, desde 2018.
JCN - Como chegou
a ser maestrina?
ALCILENE - No 4° ano (2009) do
meu Ensino Fundamental, eu dei início a minha paixão, tocando um instrumento
chamado Bumbo, e até o ano de 2017 eu toquei quase todos os instrumentos
possíveis. Já em 2018 eu fui
pega de surpresa e me pus a frente de uma Banda Marcial.
JCN - Qual a importância de uma mulher
estar à frente de uma Banda Marcial como Maestrina?
ALCILENE - Por muito tempo, nas diversas vezes que ouvimos falar em sete de setembro vem à cabeça aquela predominância de uma enorme presença masculina, dominando ou sempre a frente de uma multidão. Atualmente ver uma figura feminina dominar e coordenar uma Banda nas ruas, dominar instrumentos e composições é poder afirmar que as mulheres sempre tiveram seu próprio espaço, suas próprias conquistas e saber dominar todo esse mundo complexo de uma Banda Marcial é uma grande missão. E eu como mulher, prezo por mostrar que assim como eu outras figuras femininas podem mostrar sua essência, seu talento à frente de uma Banda que atualmente traz um símbolo tão importante para uma data representativa para o Brasil. É um orgulho mostrar talentos e ver que ainda existem muitos tabus que precisam ser derrubados em relação a figura feminina. Hoje me sinto grata em ser um símbolo, um exemplo para tantas outras pessoas, pelo simples fato de acreditar no potencial da figura feminina.
JCN - A Banda Alzelina de Sena
Valença é composta por quantos membros?
ALCILENE - No ano de 2018, a Banda
era composta por 25 membros, pois eu havia acabado de chegar na regência,
faltando apenas 3 meses para as apresentações. Atualmente temos 56 membros,
junto com corpo coreógrafo.
JCN
- Qual é a sua grande vitória como
regente?
ALCILENE - A minha maior vitória é ver o entusiasmo, o querer
aprender, a curiosidade em aprender a tocar um instrumento que os jovens e
adolescentes têm ao ter o privilégio de participar de uma Banda como a Banda Marcial.
Ver a conquista de todos os componentes da Banda em sair do zero e chegar no
topo, sabendo dominar aquele instrumento, é algo muito satisfatório. Hoje meu
maior orgulho é poder compartilhar o meu conhecimento com eles e sendo
assim, juntos podemos mostrar que pequenos detalhes fazem grandes
diferenças.
JCN
- As Bandas Marciais e Bandas de Música são espaços de inclusão
social? Por quê?
ALCILENE - Sim. Eu credito que a
música em si seja um instrumento de inclusão, e com as bandas, se torna não só
um passa tempo, como também ocupa a mente e o tempo livre dos jovens,
mostrando um caminho a ser seguido.
JCN - Na realidade, qual o papel social das Bandas,
Fanfarras e Orquestras?
ALCILENE - Como falei
anteriormente, diante uma grande arma de inclusão, estão trazendo jovens para
serem acolhidos e tornando-os profissionalizantes da música.
JCN - Qual a
atual situação das Bandas Marciais, de Música, Fanfarras e Filarmônicas com
relação ao apoio do poder público?
ALCILENE - Certamente podemos
notar que em alguns municípios o apoio se torna maior do que em alguns outros.
Dessa forma é apenas seguir com o nosso trabalho para que sejamos capazes de
dar continuidade em todos os respectivos anos.
JCN - A sua Banda recebe incentivo do
poder público?
ALCILENE - Recebemos um pequeno
apoio da Câmara dos vereadores de Parnamirim, mas, não é contínuo, é
esporádico.
JCN - A Banda é filiada
a alguma Associação ou Federação? Qual?
ALCILENE - Não somos filiadas a
nenhuma Associação
JCN - A Banda recebe algum apoio
financeiro ou outro tipo de colaboração?
ALCILENE - Recebemos um pequeno
apoio financeiro da escola, a qual fazemos parte e também não é contínuo.
Muitas vezes tirando do próprio bolso.
JCN - Quais os
principais desafios para colocar uma Banda na rua, através de desfiles
cívicos?
ALCILENE - Nossa Banda é
composta por 90% de alunos menores de idade, então a maior dificuldade é de
levarmos eles nesse mundo, o qual está muito perigoso. Os pais muitas vezes
querem ir junto, mas nem sempre têm lugar no ônibus sobrando. Entre outras
dificuldades, também está a escassez de "ajuda" anual para todas as
bandas, onde necessitamos de materiais para o nosso trabalho, como (peles,
baquetas e talabarts).
JCN - Diversas
Bandas Marciais, de Música e Fanfarras se acabaram, afetando diretamente a
cultura e a área musical. Em sua opinião, o que fazer para resgatá-las?
ALCILENE - Em nossa cidade,
Parnamirim, havia projetos antigamente para a junção de todas as Bandas Marciais,
Fanfarras e Filarmônicas de Parnamirim e cidades convidadas. Acredito que novos
projetos, novos eventos como concursos levando a premiações, haverá uma volta
100% de todas as bandas.
JCN - Qual
mensagem você deixaria para o poder público?
ALCILENE - Não aceitaremos mais esse descaso sobre
nós, precisamos de confiança, apoio e respeito. Só levam em conta o 7 de
setembro, e somos bem mais do que apenas isso.
JCN - Qual mensagem você deixaria para os
amantes das Bandas Marciais, de Música?
ALCILENE - Nós, amantes da
cultura musical, somos excepcionalmente incríveis. Além de não sermos levados
em consideração diversas vezes, não desanimem. Cada um de nós somos capazes de
construir e reconstruir tudo o que amamos.
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