JORNAL CLARIM NATAL - Como a maior referência política da Enfermagem em termos
de votos em Natal e ainda suplente de vereador, qual sua perspectiva voltada ao PL 2564/20?
PAULO ENFERMEIRO - Há mais de 20 anos eu tenho minha militância na Enfermagem,
em especial como Técnico que tenho orgulho de dizer. Quanto ao Projeto de Lei, vejo como um teatro mais uma vez,
em que todos os anos que antecedem as eleições federal, aparece alguém para dizer que
é defensor da nossa categoria, sem ao menos ser da categoria, ai eu pergunto porque não fizeram
essa defesa antes?
JCN - Então você diz que o deputado Fabiano Contarato é mais um que vem querendo adotar a Enfermagem
para se beneficiar?
PAULO ENFERMEIRO - Posso até dizer não ou que não tenho a certeza da
boa ou má fé do autor do PL 2564/20, ou da relatora, ambos com vários mandatos na política. Porém,
por coincidência as cenas se repetem há duas décadas. Não consigo compreender
porque essa defesa não foi em
2019 e 2020, lembro até que o deputado Orlando Silva se pronunciou uma vez
sobre a valorização da Enfermagem, porém sumiu e nunca mais voltou. Por isso
entendo e até que me provém ao contrário, que é mais um teatro para captar apoio da Enfermagem
para as eleições de 2022, onde infelizmente alguns colegas da própria
categoria pelo pais se adequam ao sistema para benefícios próprios, esquecendo um coletivo de
mais de dois milhões e quatrocentos profissionais.
JCN - Então o PL passa ou não?
PAULO ENFERMEIRO - Quero estar errado
neste meu pensamento, mas acredito que na composição que está não passará. O presidente do senado
Rodrigo Pachêco já começa dificultar, até porque 71 senadores assinaram para pautar
na ordem do dia, e o Sr. Presidente da Casa alega que a Casa só pode colocar em pauta
algo referente a pandemia, o que não é verdade, além de obstrução por parte dos senadores
médicos e donos de hospitais privados que não têm interesses de votar o piso e a carga
horária fixada em 3horas
JCN - Na sua Ótica, você está vendo desta vez uma enfermagem unida?
PAULO ENFERMEIRO - Posso dizer como
profissional da Enfermagem que estamos muitos juntos de fato, até porque se trata de
valores, digo dinheiro, mas ainda está muito distante de estarmos unidos,
infelizmente o nível técnico é excluído das autarquias e de muitos profissionais do nível
superior desde o decreto de 12 de julho de 1973, através da Lei 5.905, lei da sua
criação que exclui os auxiliares e técnicos das suas diretorias, ou seja, somos 75% hoje
da categoria e não temos uma paridade e ainda somos cerceados de exercer a verdadeira democracia sem direito
a voz, voto e sermos votados para a escolha do representante federal, ja que somos uma
só Enfermagem, segundo a teoria fala, porque os enfermeiros e
enfermeiras têm tanto medo de estarmos juntos colaborando e construindo uma Enfermagem
mais forte, foi indicada o conatenf, inclusive o presidente da comissão e o
coordenador do MAE, meu amigo. Acredito que ele está ao nosso lado, nasce uma
comissão de amigos que vem crescendo em rede pedindo essa paridade, estamos nos
cercando do teor jurídico para fazer tudo conforme a lei, e caso eles não
aceitem essa paridade vamos buscar o plano B o que vamos evitar, e eu sou o
representante do RN, onde tenho a responsabilidade de articular nos hospitais
levando essa mensagem aos nossos colegas.
JCN - A bancada do Rio
Grande do Norte apoia o projeto?
PAULO ENFERMEIRO - Os três senadores do nosso estado afirmam que estarão votando a favor, inclusive a Senadora Dra Zenaide que é
relatora do referido projeto e os senadores Styverson e Jean também confirmam o
apoio. Esperamos que eles também consigam a adesão da bancada de deputados
federais no momento em que for para esta Casa.
JCN - Qual a média nacional de salário hoje da Enfermagem e para quanto irá caso o
projeto seja aprovado?
PAULO ENFERMEIRO - Hoje precisamos estar em dois ou mais vínculos para
conseguir pagar nossas contas, a média de salário nacional para os técnicos é de R$
1.200 e da enfermeira 2.500.
JCN - Qual os valores pedido por vocês?
PAULO ENFERMEIRO - O PL reza na sua
proposta para a Enfermeira 7. 315, para o Técnico de Enfermagem 5.120 e para o Auxiliar
3.657, para uma carga horária de 30 horas, mas já há discursão nos
bastidores que se pauta o projeto, porém diminuindo os valores, outros propõem
iniciar aumentando os das enfermeiras, porém os auxiliares e técnicos não aceitam de
maneira alguma.
JCN - Caso o projeto não passe vai haver greve nacional?
PAULO ENFERMEIRO - Como falei a Enfermagem
está muito junta em número para enfrentar essa batalha sem abrir mão de um
centavo. Sempre tivemos a preocupação com os nossos pacientes quando se trata
de greve, até porque tem setores que não se pode parar, e não somos
irresponsáveis, já que 24 estamos com o paciente virando leito, mas depois de muito tempo
começamos a observar que se o médico para reivindicando melhorias salariais
porque a Enfermagem não? Ou seja, nesse quesito eu creio que estamos unidos e a articulação a nível nacional está
acontecendo e forte.
JCN - Você como Coordenador do MAE RN vem fazendo a articulação em Natal? E como estão
com os demais
sindicatos ao seu Iado?
PAULO ENFERMEIRO - Na verdade o MAE é um movimento de ativistas, e eu
não tenho muitas aproximações com os demais, mas quero me aproximar porque a luta é
coletiva, mesmo eu sendo a favor da unicidade sindical. Eu tenho amigos e amigas em
alguns sindicatos ligado a Enfermagem, e nesta hora o movimento de
ativista da Enfermagem Brasileira que tem como o nosso presidente nacional o Técnico e Enfermeiro
Jeferson Caproni, que traduz um sentimento de lutas.
JCN - O Jornal Clarim Natal jamais poderia deixar de perguntar se você vai para a luta
na política partidárias nas próximas eleições, já que em 2018 obteve 3.000 sufrágios?
PAULO ENFERMEIRO - Lhe afirmo que não
quero, apesar de alguns partidos estarem me procurando e alguns pré-candidatos
a fim de apoio. Hoje estou suplente de vereador, e tenho uma gratidão com o vereador Érico Jácome
por ter cumprindo seu compromisso com os três suplentes, e já deixo claro que se ele
for candidato a deputado estadual eu vou Ihe dar apoio e talvez até
ajudar a coordenar sua eleição em Natal. E se for apoiar alguém, vamos avaliar e ver as condições,
propostas e projetos para a enfermagem, quanto a federal o MAE propõe que eu saia, porém
só
sairei se receber condições
estruturantes. Apesar de eu ter tido 3000 votos em
2018, somos
muito
constrangidos por não termos recursos,
o dinheiro que gastei foi R$ 1.400 reais, praticamente o dinheiro do combustível
e sem estrutura econômica eu não saio.
JCN - Faça suas considerações finais
PAULO ENFERMEIRO - Primeiro quero
agradecer a este conceituado expediente pela entrevista, quero dizer ainda que surge
um grupo nacional que me procurou como a maior liderança da Enfermagem nas urnas para compor uma
luta em defesa da paridade para os auxiliares e técnicos nos
Corens/Cofen e aguardem novidades, uma luta pesada contra o sistema, quero pedir que todos
e todas se cuidem para proteger quem
amamos e finalizar dizendo a sociedade
que apoiem a nossa Enfermagem que perdeu 780 profissionais em todo pais, onde doaram a própria
vida para salvar vidas. A minha maior luta é por eles e por seus
familiares que até hoje sofrem com suas partidas. Estamos em uma guerra onde o
covid 9 é muito perigoso, porém ele está
aliado ao virus da corrupção que vai tentar nos derrubar. Digo que o atual presidente assim como
os demais que passaram tiveram a grande oportunidade de ser aplaudidos por mais de 2
milhões e meio de profissionais e seus familiares e até hoje nenhum nos deu
esse apoio.
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