Apesar do cenário
político encontrar-se em um momento difícil, onde observamos a corrupção
presente nas três esferas de governo, como no Legislativo, Executivo ou
Judiciário, o papel do vereador é muito importante para a sociedade e para o
desenvolvimento de um Município.
Mas, o que faz o vereador? O líder comunitário funciona como um elo entre a
comunidade e o vereador? E os Serviços Públicos?
Onde começam e terminam
as responsabilidades de cada um desses agentes públicos?
Os Serviços Públicos
para as comunidades de onde devem vir? Através de quem? (Câmara Municipal,
Secretarias/Prefeitura – morador, líder comunitário, vereador)?
A seguir entrevista com líderes comunitários sobre o tema – Vereador X Líder Comunitário X Serviços Públicos
Entrevistado: Idalécio Maranhão – Líder Comunitário e morador da Zona Norte
A importância e o verdadeiro papel de um líder comunitário
Na opinião do líder comunitário, morador do Conjunto Soledade, Zona Norte de Natal há
43 anos Idalécio Maranhão “A principal importância de um líder é SERVIR, pois o
líder nasce de uma necessidade e não de uma imposição”, ressaltou
Para Idalécio o verdadeiro papel
do líder comunitário é “buscar e lutar para levar uma qualidade de vida melhor para toda
comunidade, através de reivindicações e discussões no âmbito comunitário ou
onde seja necessário lutar por direitos.”
O
verdadeiro papel do vereador
“Sabemos que ao pé da letra o verdadeiro papel de um vereador
é propor e aprovar leis, fiscalizar o Prefeito e seus secretários, zelar pelo
erário público como também ser um elo entre o povo e o legislativo municipal
entre outras”, falou.
“Tem alguns que extrapolam os seus limites, como por exemplo,
querem manobrar ou colocar rédeas em algumas lideranças comunitárias, que se
submetem a isso, infelizmente”, destacou Idalécio.
E prosseguiu: “Há alguns vereadores ESCROTOS, que usam e
abusam de sua cadeira para querer aparecer. Tem vereadores que se acham um
Deus, querendo passar por cima de tudo e todos em busca do poder”, desabafou.
De acordo com Idalécio, “na Câmara Municipal de Natal tem
alguns excelentes vereadores, mas existem uns que só a misericórdia, alguns
estão lá por ser voto de protesto, porém a culpa não é deles, pois quem o
elegeu foi o povo que tem a obrigação de saber escolher aquele que vai
representá-lo nas casas legislativas”, disse.
Durante bate-papo
questionamos qual sua opinião sobre o motivo de alguns políticos só aparecerem
nas comunidades apenas em ano eleitoral.
“Todo mundo já sabe disso, É ÓBVIO QUE VEM ATRÁS DE VOTOS”,
frisou.
E revelou: “No período eleitoral aparece de tudo; aparece
vereador fazendo ofícios retroativos; aparece fazendo cobranças ao Prefeito e
aos secretários, projetos (obras) que já deveriam estar concluídos há muito
tempo”, desabafou indignado Idalécio.
Para ele, “existem alguns que fazem a cobrança sem mesmo ir à
comunidade para saber a real necessidade, fazem promessas que jamais poderiam
cumprir só para aparecer bem na foto e garantir o voto”, ressaltou.
“Passando as eleições somem como em um passe de mágica”, desabafou.
Ao indagá-lo sobre a importância da ligação direta
de parlamentares à Conselhos Comunitários para que uma comunidade possa vir a
receber serviços públicos Lima Freire explicou: “Não considero não, pois toda comunidade possui
diversas lideranças e qualquer pessoa pode fazer reivindicações diretas a quem
de Direito, não precisando de um parlamentar para isso”, destacou Idalécio.
E acrescentou: “Lembrando que o vereador tem que trabalhar
por toda uma cidade e não por uma entidade ou uma comunidade especifica”.
“Na realidade, na maioria das vezes que isso acontece têm
outros interesses por trás, como a captação de futuros votos para o parlamentar”,
explicou.
E prosseguiu com seu
desabafo: “Ocorre também em muitas comunidades uma disputa interna pelo poder,
mesmo sabendo que um presidente de Conselho Comunitário ou Associação não ganha
nada para assumir tal função”, relatou ao destacar: “Engraçado que alguns
vereadores entram nessa disputa dentro das comunidades, lógico, não que seja
proibido, porém em minha opinião um parlamentar deve ter coisas mais
importantes para fazer do que ficar se
metendo em pendengas entre lideranças”.
“Quando acontece um problema em alguma comunidade hoje, todo
mundo fica sabendo (redes sociais) e todo mundo cobra para que seja sanado o
problema, não precisando ser uma liderança ou um parlamentar para fazer essa
reivindicação”, disse.
Os serviços públicos para as comunidades, como tapa-buraco, iluminação,
limpeza, podação, etc, naturalmente destinados às comunidades são realizados
pelas diversas secretarias municipais, porém, grande parte destas localidades
não recebem o serviço, que muitas vezes só chega à comunidade quando solicitado
e publicado pelo vereador que tem como cabo eleitoral o líder comunitário
daquela localidade. Serviços que deveriam fluir naturalmente. E Idalécio
avaliou esta situação.
“Isso acontece há muito tempo, na realidade quem deveria se
preocupar com essas ações eram os secretários e o Prefeito, que precisavam
andar pela cidade para ver os problemas de perto. Deveriam pegar um ônibus 01(já
lotado) saindo do Conjunto Nova Natal na Zona Norte para a Rodoviária e pegar
aquele velho engarrafamento na ponte de Igapó cedo da manhã, para sentir na
pele o que a comunidade sofre”, descarregou Idalécio Maranhão. E prosseguiu em
seu desabafo: “Deveriam passar meio expediente nas secretárias e meio nas
comunidades, vendo de perto seus problemas”.
O desafio...
Ao prosseguir, Idalécio desafiou: “Desafio um que seja (Prefeito,
Secretários e Vereadores) que faça isso sem ser no período que antecede as eleições...”,
falou.
Por fim foi questionado sua opinião sobre como poderia acontecer a
parceria entre o líder comunitário, o vereador e a Prefeitura com os serviços
públicos por meio das secretarias, para que os serviços possam chegar às
comunidades, sem haver subordinação entre os parceiros?
E a resposta foi a seguinte: “Você conhece aquela expressão “Cada
macaco no seu galho”, pois é isso, se cada um cuidasse realmente do que
deveriam não teríamos tantos problemas, pois todo mundo se mete na competência
do outro”, observou Idalécio.
Sobre a parceria do líder comunitário com os vereadores “deveria
ser no sentido da liderança local, por exemplo, fizesse uma solicitação de
emendas ou serviço para solução de determinados problemas na comunidade sem que
para isso ficasse atrelada a tal vereador ou ao Prefeito, porém sabemos que
isso, por enquanto, é uma utopia. Ou você o apoia politicamente ou não recebe
tal serviço, esta é a realidade de muitos anos”, apontou.
E o líder comunitário Idalécio Maranhão finalizou chamando a
atenção do Ministério Público: “Alô Ministério Público cadê você meu fioooo...
Essa amarração torna-se bizarra para a Sociedade que sofre as consequências de
esperar por anos, determinadas soluções de seus problemas”, concluiu.
Entrevistada: Edna Lúcia – Líder Comunitária – Câmara Cascudo
Na opinião de Edna Lúcia do Câmara Cascudo, na Zona Norte de Natal sobre o verdadeiro papel do líder comunitário “Para mim é fazer trabalho social e reivindicar os problemas que existem na comunidade, sabendo que tudo é voluntário”, falou a líder comunitária do Loteamento Câmara Cascudo.
Sobre o verdadeiro papel do
vereador Edna falou: “Tentar resolver junto ao Prefeito as reivindicações da cidade, onde eles
foram eleitos. Este é o verdadeiro papel do vereador”.
Ao questioná-la a respeito de sua opinião sobre a razão que os políticos
só aparecem nas comunidades em período eleitoral a resposta foi a seguinte: “Tem uns políticos que ainda vem na comunidade, já outros não conhecem a
luta de um líder comunitário, então aparecem para confundir aqueles que fazem
seu papel digno como vereador”, explicou Edna Lúcia.
Para a líder comunitária do Câmara
Cascudo
é importante a ligação direta de parlamentares à Conselhos Comunitários para
que uma comunidade possa vir a receber serviços públicos.
Segundo ela, “o líder comunitário não tem assessor diretamente ao Prefeito. isso é uma
vergonha pois, nem todos os líderes têm o prazer de ser atendido pelo governante,
seja na Prefeitura ou no Governo. Tem sempre que conhecer alguém para chegar
até eles”, desabafou Edna Lúcia.
No tocante aos serviços públicos destinados às
comunidades que devem realizados pelas secretarias municipais, muitas vezes só
chegam ao local quando solicitado e publicado pelo vereador que tem seu
representante na localidade (o líder comunitário), serviços estes que deveriam
fluir naturalmente sem interferência do edil. E a líder comunitária Edna
comentou a situação.
“Outro absurdo, pois, além dos moradores pagarem impostos, nós, como
representantes muitas vezes não somos atendidos”, apontou.
E Edna Lúcia ressaltou: “Sempre
temos que ser submissos aos outros, mesmo sendo eleitos pelo voto”, destacou ao
frisar: “Trabalhamos sem fins lucrativos”, finalizou a líder comunitária do
Câmara Cascudo.
A respeito de sua opinião sobre como poderia acontecer a parceria entre
o líder comunitário, o vereador e a Prefeitura com os serviços públicos por
meio das secretarias, para que os serviços possam chegar às comunidades, sem
haver subordinação entre os parceiros, a resposta foi a seguinte:
“O prefeito e a governadora, devem
respeitar os líderes comunitários, não nos vendo como esmoleu (pedinte), porque
levamos tudo pronto para eles e quem leva a fama no ano de eleições são eles”,
concluiu a líder comunitária do Câmara Cascudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário