quinta-feira, 24 de setembro de 2020

O Vereador X Líder Comunitário X Serviços Públicos

 




Apesar do cenário político encontrar-se em um momento difícil, onde observamos a corrupção presente nas três esferas de governo, como no Legislativo, Executivo ou Judiciário, o papel do vereador é muito importante para a sociedade e para o desenvolvimento de um Município.

 

Mas, o que faz o vereador? O líder comunitário funciona como um elo entre a comunidade e o vereador? E os Serviços Públicos?

Onde começam e terminam as responsabilidades de cada um desses agentes públicos?

Os Serviços Públicos para as comunidades de onde devem vir? Através de quem? (Câmara Municipal, Secretarias/Prefeitura – morador, líder comunitário, vereador)?

A seguir entrevista com líderes comunitários sobre o tema – Vereador X Líder Comunitário X Serviços Públicos

Entrevistado: Idalécio Maranhão – Líder Comunitário e morador da Zona Norte

A importância e o verdadeiro papel de um líder comunitário

Na opinião do líder comunitário, morador do Conjunto Soledade, Zona Norte de Natal há 43 anos Idalécio MaranhãoA principal importância de um líder é SERVIR, pois o líder nasce de uma necessidade e não de uma imposição”, ressaltou

Para Idalécio o verdadeiro papel do líder comunitário é “buscar e lutar para levar uma qualidade de vida melhor para toda comunidade, através de reivindicações e discussões no âmbito comunitário ou onde seja necessário lutar por direitos.”

O verdadeiro papel do vereador

“Sabemos que ao pé da letra o verdadeiro papel de um vereador é propor e aprovar leis, fiscalizar o Prefeito e seus secretários, zelar pelo erário público como também ser um elo entre o povo e o legislativo municipal entre outras”, falou.

“Tem alguns que extrapolam os seus limites, como por exemplo, querem manobrar ou colocar rédeas em algumas lideranças comunitárias, que se submetem a isso, infelizmente”, destacou Idalécio.

E prosseguiu: “Há alguns vereadores ESCROTOS, que usam e abusam de sua cadeira para querer aparecer. Tem vereadores que se acham um Deus, querendo passar por cima de tudo e todos em busca do poder”, desabafou.

De acordo com Idalécio, “na Câmara Municipal de Natal tem alguns excelentes vereadores, mas existem uns que só a misericórdia, alguns estão lá por ser voto de protesto, porém a culpa não é deles, pois quem o elegeu foi o povo que tem a obrigação de saber escolher aquele que vai representá-lo nas casas legislativas”, disse.

Durante bate-papo questionamos qual sua opinião sobre o motivo de alguns políticos só aparecerem nas comunidades apenas em ano eleitoral.

“Todo mundo já sabe disso, É ÓBVIO QUE VEM ATRÁS DE VOTOS”, frisou.

E revelou: “No período eleitoral aparece de tudo; aparece vereador fazendo ofícios retroativos; aparece fazendo cobranças ao Prefeito e aos secretários, projetos (obras) que já deveriam estar concluídos há muito tempo”, desabafou indignado Idalécio.

Para ele, “existem alguns que fazem a cobrança sem mesmo ir à comunidade para saber a real necessidade, fazem promessas que jamais poderiam cumprir só para aparecer bem na foto e garantir o voto”, ressaltou.

“Passando as eleições somem como em um passe de mágica”, desabafou.

 

Ao indagá-lo sobre a importância da ligação direta de parlamentares à Conselhos Comunitários para que uma comunidade possa vir a receber serviços públicos Lima Freire explicou: “Não considero não, pois toda comunidade possui diversas lideranças e qualquer pessoa pode fazer reivindicações diretas a quem de Direito, não precisando de um parlamentar para isso”, destacou Idalécio.

E acrescentou: “Lembrando que o vereador tem que trabalhar por toda uma cidade e não por uma entidade ou uma comunidade especifica”.

“Na realidade, na maioria das vezes que isso acontece têm outros interesses por trás, como a captação de futuros votos para o parlamentar”, explicou.

E prosseguiu  com seu desabafo: “Ocorre também em muitas comunidades uma disputa interna pelo poder, mesmo sabendo que um presidente de Conselho Comunitário ou Associação não ganha nada para assumir tal função”, relatou ao destacar: “Engraçado que alguns vereadores entram nessa disputa dentro das comunidades, lógico, não que seja proibido, porém em minha opinião um parlamentar deve ter coisas mais importantes para  fazer do que ficar se metendo em pendengas entre lideranças”.

“Quando acontece um problema em alguma comunidade hoje, todo mundo fica sabendo (redes sociais) e todo mundo cobra para que seja sanado o problema, não precisando ser uma liderança ou um parlamentar para fazer essa reivindicação”, disse.

Os serviços públicos para as comunidades, como tapa-buraco, iluminação, limpeza, podação, etc, naturalmente destinados às comunidades são realizados pelas diversas secretarias municipais, porém, grande parte destas localidades não recebem o serviço, que muitas vezes só chega à comunidade quando solicitado e publicado pelo vereador que tem como cabo eleitoral o líder comunitário daquela localidade. Serviços que deveriam fluir naturalmente. E Idalécio avaliou esta situação.

“Isso acontece há muito tempo, na realidade quem deveria se preocupar com essas ações eram os secretários e o Prefeito, que precisavam andar pela cidade para ver os problemas de perto. Deveriam pegar um ônibus 01(já lotado) saindo do Conjunto Nova Natal na Zona Norte para a Rodoviária e pegar aquele velho engarrafamento na ponte de Igapó cedo da manhã, para sentir na pele o que a comunidade sofre”, descarregou Idalécio Maranhão. E prosseguiu em seu desabafo: “Deveriam passar meio expediente nas secretárias e meio nas comunidades, vendo de perto seus problemas”.

O desafio...

Ao prosseguir, Idalécio desafiou: “Desafio um que seja (Prefeito, Secretários e Vereadores) que faça isso sem ser no período que antecede as eleições...”, falou.

Por fim foi questionado sua opinião sobre como poderia acontecer a parceria entre o líder comunitário, o vereador e a Prefeitura com os serviços públicos por meio das secretarias, para que os serviços possam chegar às comunidades, sem haver subordinação entre os parceiros?

E a resposta foi a seguinte: “Você conhece aquela expressão “Cada macaco no seu galho”, pois é isso, se cada um cuidasse realmente do que deveriam não teríamos tantos problemas, pois todo mundo se mete na competência do outro”, observou Idalécio.

Sobre a parceria do líder comunitário com os vereadores “deveria ser no sentido da liderança local, por exemplo, fizesse uma solicitação de emendas ou serviço para solução de determinados problemas na comunidade sem que para isso ficasse atrelada a tal vereador ou ao Prefeito, porém sabemos que isso, por enquanto, é uma utopia. Ou você o apoia politicamente ou não recebe tal serviço, esta é a realidade de muitos anos”, apontou.

E o líder comunitário Idalécio Maranhão finalizou chamando a atenção do Ministério Público: “Alô Ministério Público cadê você meu fioooo... Essa amarração torna-se bizarra para a Sociedade que sofre as consequências de esperar por anos, determinadas soluções de seus problemas”, concluiu.

Entrevistada: Edna Lúcia – Líder Comunitária – Câmara Cascudo

Na opinião de Edna Lúcia do Câmara Cascudo, na Zona Norte de Natal sobre o verdadeiro papel do líder comunitário “Para mim é fazer trabalho social e reivindicar os problemas que existem na comunidade, sabendo que tudo é voluntário”, falou a líder comunitária do Loteamento Câmara Cascudo.

Sobre o verdadeiro papel do vereador Edna falou: Tentar resolver junto ao Prefeito as reivindicações da cidade, onde eles foram eleitos. Este é o verdadeiro papel do vereador”.

Ao questioná-la a respeito de sua opinião sobre a razão que os políticos só aparecem nas comunidades em período eleitoral a resposta foi a seguinte: “Tem uns políticos que ainda vem na comunidade, já outros não conhecem a luta de um líder comunitário, então aparecem para confundir aqueles que fazem seu papel digno como vereador”, explicou Edna Lúcia.

Para a líder comunitária do Câmara Cascudo é importante a ligação direta de parlamentares à Conselhos Comunitários para que uma comunidade possa vir a receber serviços públicos.

Segundo ela, o líder comunitário não tem assessor diretamente ao Prefeito. isso é uma vergonha pois, nem todos os líderes têm o prazer de ser atendido pelo governante, seja na Prefeitura ou no Governo. Tem sempre que conhecer alguém para chegar até eles”, desabafou Edna Lúcia.

No tocante aos serviços públicos destinados às comunidades que devem realizados pelas secretarias municipais, muitas vezes só chegam ao local quando solicitado e publicado pelo vereador que tem seu representante na localidade (o líder comunitário), serviços estes que deveriam fluir naturalmente sem interferência do edil. E a líder comunitária Edna comentou a situação.  

Outro absurdo, pois, além dos moradores pagarem impostos, nós, como representantes muitas vezes não somos atendidos”, apontou.

E Edna Lúcia ressaltou: “Sempre temos que ser submissos aos outros, mesmo sendo eleitos pelo voto”, destacou ao frisar: “Trabalhamos sem fins lucrativos”, finalizou a líder comunitária do Câmara Cascudo.

A respeito de sua opinião sobre como poderia acontecer a parceria entre o líder comunitário, o vereador e a Prefeitura com os serviços públicos por meio das secretarias, para que os serviços possam chegar às comunidades, sem haver subordinação entre os parceiros, a resposta foi a seguinte:

“O prefeito e a governadora, devem respeitar os líderes comunitários, não nos vendo como esmoleu (pedinte), porque levamos tudo pronto para eles e quem leva a fama no ano de eleições são eles”, concluiu a líder comunitária do Câmara Cascudo.

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