domingo, 25 de maio de 2014

Voto não se vende

Coluna Panorama Comunitário com Idalécio Maranhão

Para mudar o País temos que mudar a política e isso se faz com o voto livre e consciente

O voto é a fonte da representação e a representação é a alma da democracia, dizia Tancredo Neves. Porém, onde essa representação, ou seja, o mandato, se torna falsa, fraudada, obtida pelo dinheiro na compra do voto, enganando o eleitor, não existe democracia, mas autoritarismo.

Temos tido uma autêntica representação do nosso povo?

Todos os sociólogos e cientistas políticos são unânimes em dizer que não. No Império, eram os condes, marqueses e barões, por força do sangue ou da riqueza, que se permitiam o honroso privilégio de representar e legislar em nome do povo. Era um Congresso de senhores de escravos do qual o povo não participava.

O fato é que essa situação não mudou com o estabelecimento da República. Os nobres fidalgos foram substituídos pelos grandes latifundiários do açúcar, do algodão, do cacau, do leite e do café. Tanto que, até a Revolução de 1930, eram os interesses desses grupos que dominavam as decisões políticas.

O surgimento da era industrial brasileira, a partir de 1930, forçou o debate em torno de assuntos mais ligados aos trabalhadores, tais como acidentes no trabalho, caixa de pensões e aposentadorias, lei das oito horas e outros direitos. Entretanto, não se alterou a composição elitista da representação. Os profissionais liberais substituíram os donos da terra. E assim continua até hoje.

A verdade é que o Congresso Nacional não tem ainda a fisionomia do povo, que é em sua imensa maioria do sexo feminino, trabalhador, da classe média e cristão.

Essa é, a meu ver, a grande falha da representação política em nosso país. Ela não é abrangente porque não contempla nos seus partidos legítimos representantes das classes que compõem o povo brasileiro nem conta com eles na justa proporção de sua expressão numérica e de acordo com a sua importância política e econômica no contexto de nossa sociedade.

A pergunta é: por que ainda não temos?
Em grande parte pela interferência do dinheiro na compra exagerada de votos que ocorre no dia da eleição através do iníquo, mas “legal”, aluguel de milhões de “cabos eleitorais”.

Na verdade, eles são pagos para votar e, tristemente encabrestados por sua ignorância e pobreza, vendem o voto elegendo, sem saber, corruptos, deturpando o sistema, tornando o processo eleitoral um ritual farisaico e sem sentido.

Para mudar o País temos que mudar a política e isso se faz com o voto.
Voto livre, consciente e honesto.

Quem vende o voto, vende o Brasil.

Fonte: Folha Universal
Por Senador Marcelo Crivella

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