Coluna
Panorama Comunitário com Idalécio Maranhão
Para mudar o País temos que mudar a política e isso se faz com o voto livre e consciente
O
voto é a fonte da representação e a representação é a alma da democracia, dizia
Tancredo Neves. Porém, onde essa representação, ou seja, o mandato, se torna
falsa, fraudada, obtida pelo dinheiro na compra do voto, enganando o eleitor,
não existe democracia, mas autoritarismo.
Temos
tido uma autêntica
representação do
nosso povo?
Todos
os sociólogos e cientistas políticos são unânimes
em dizer que não. No Império, eram os condes, marqueses e barões, por força do sangue ou da riqueza,
que se permitiam o honroso privilégio de representar e legislar em nome do
povo. Era um Congresso de senhores de escravos do qual o povo não participava.
O
fato é que essa situação
não mudou com o estabelecimento da República. Os nobres fidalgos foram
substituídos pelos grandes latifundiários do açúcar,
do algodão, do cacau, do leite e do café. Tanto que, até a Revolução de 1930, eram os interesses
desses grupos que dominavam as decisões políticas.
O
surgimento da era industrial brasileira, a partir de 1930, forçou o debate em torno de
assuntos mais ligados aos trabalhadores, tais como acidentes no trabalho, caixa
de pensões e aposentadorias, lei das oito horas e outros direitos. Entretanto,
não se alterou a composição
elitista da representação.
Os profissionais liberais substituíram os donos da terra. E assim continua
até hoje.
A
verdade é que o Congresso Nacional não tem ainda a fisionomia do povo, que é em
sua imensa maioria do sexo feminino, trabalhador, da classe média e cristão.
Essa
é, a meu ver, a grande falha da representação
política em nosso país. Ela não é abrangente porque não contempla nos seus
partidos legítimos representantes das classes que compõem o povo brasileiro
nem conta com eles na justa proporção
de sua expressão numérica e de acordo com a sua importância política e econômica no contexto de nossa
sociedade.
A
pergunta é: por que ainda não temos?
Em
grande parte pela interferência do dinheiro na compra exagerada de votos que
ocorre no dia da eleição através do iníquo, mas “legal”, aluguel de milhões de
“cabos eleitorais”.
Na
verdade, eles são pagos para votar e, tristemente encabrestados por sua ignorância
e pobreza, vendem o voto elegendo, sem saber, corruptos, deturpando o sistema,
tornando o processo eleitoral um ritual farisaico e sem sentido.
Para
mudar o País temos que mudar a política e isso se faz com o voto.
Voto
livre, consciente e honesto.
Quem
vende o voto, vende o Brasil.
Fonte: Folha Universal
Por Senador Marcelo Crivella
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