Por Redação - de São Paulo
Na esteira do sucesso editorial dos livros Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. e, mais recentemente, Operação Banqueiro, do também jornalista Rubens Valente, o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB/SP) prepara o lançamento do livro Operação Satiagraha,
no qual o ex-delegado da Polícia Federal (PF) diz ter sofrido ameaças
por causa da obra e passou a andar armado e em carro blindado. No relato
a ser publicado, o banqueiro Daniel Dantas, preso em 2008 devido às
investigações conduzidas pelo hoje deputado federal, é tratado como Morcegão.
– Assim como o Morcegão não dorme, eu também não durmo – escreve Queiroz.
No último sábado, Protógenes, revelou em sua página no Twitter
ser vítima de uma “investigação clandestina” da própria PF. O caso
estaria relacionado a seus passaportes – quando atuava na PF, Protógenes
foi também consultor de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e
chegou a movimentar contas bancárias em Lugano, na Suíça.
Segundo o deputado, essa investigação estaria sendo conduzida por
“viúvas do Tuma” e pelo banqueiro Daniel Dantas – a quem chama de “#BanqBandDD“.
Em relação a Tuma, o deputado se refere ao também delegado Romeu Tuma
Júnior, que lançou recentemente o livro Assassinato de reputações, que
acusa o governo petista de preparar dossiês contra adversários.
Tanto na Operação Banqueiro como no próximo lançamento
editorial, assinado por Queiróz, o ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Gilmar Mendes é citado como forte aliado do banqueiro Daniel
Dantas. Nas mensagens obtidas por Valente, Dantas era tido como amigo do
ministro, então chefe da Advocacia-Geral da União. Um trunfo dentro do
governo.
“Um dos e-mails sugere que Dantas contava com o apoio de Mendes numa
disputa com a Agência Nacional de Telecomunicações e para manter na
agência um procurador simpático a seus interesses. Em 2008, quando
Mendes estava no Supremo e Dantas estava preso, o ministro concedeu
habeas corpus para libertá-lo e fez críticas públicas à maneira como as
investigações foram conduzidas”, afirma o texto de divulgação do livro,
publicado na edição desta sexta-feira do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo.
– Eu nunca vi Daniel Dantas. Na Satiagraha, houve abuso na
investigação e minhas decisões impuseram uma derrota ao Estado policial –
defende-se Mendes, em entrevista à Folha.
Em mensagem a Rubens Valente, o ex-presidente Fernando Henrique disse
que sabia da relação de Roberto Amaral com Daniel Dantas e afirmou que
nunca tomou medidas para favorecê-lo. A assessoria do Opportunity
afirmou que Dantas desconhece as mensagens encontradas pela polícia na
residência de Roberto Amaral.
Advogados de Dantas
O banqueiro Daniel Dantas, figura central de ambos os livros, o que
teve sua primeira edição esgotada e o segundo, agora no prelo, ameaçou a
editora Geração Editorial, na semana passada, um dia antes do
lançamento de Operação Banqueiro, com uma notificação
extra-judicial na qual acusa o autor de utilizar materiais ilícitos em
suas investigações. O livro traz revelações e novas provas sobre as
ações do banqueiro e do Banco Opportunity.
Na notificação extra-judicial, subscrita pelos advogados de Dantas, o
banqueiro afirma, segundo a Geração Editorial, que “pode-se concluir
que a publicação extrapola – em muito – os limites do exercício da
liberdade de expressão, sujeitando V. Sas. (Geração Editorial), na
qualidade de editores e distribuidores, à responsabilização pela
divulgação dos dados sigilosos e pelos danos causados ao notificante ([Dantas) e ao Opportunity’”. Segundo os advogados, alguns dados
utilizados no livro estão sob sigilo e, por isso, “o conteúdo divulgado
no livro intitulado Operação Banqueiro é ilícito”.
Ainda segundo a editora, há na notificação enviada reconhecimento de
que pode ter havido uma leitura superficial da obra, uma vez que o
preparo e o envio desta se deu anteriormente ao lançamento do livro.
Tanto Rubens Valente quanto a editora afirmam não ter utilizado nenhum
material ilícito e que os dados obtidos pelo jornalista são provenientes
de documentos e inquéritos policiais e administrativos de interesse público.
– Caso prosperasse a tese desenvolvida pelo banqueiro e contida na
peça ameaçadora de seus advogados, todos os jornais e revistas do país,
todas as emissoras de televisão e todas as editoras estariam impedidas
de divulgar quaisquer investigações desenvolvidas, por exemplo, pela
Polícia Federal – afirmou Luiz Fernando Emediato, publisher da Geração
Editorial, na página de Operação Banqueiro no Facebook.
Correio do Brasil
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