Por Redação, com Reuters - de Riga
A Letônia se juntou à zona do euro nesta quarta-feira,
apostando na sua experiência com políticas de austeridade traga
benefícios numa união monetária onde outras economias tiveram
dificuldades.
O país báltico de apenas dois milhões de habitantes se tornou o
décimo oitavo membro da zona do euro na virada do ano, se distanciando
ainda mais da sombra da vizinha Rússia, uma década depois de se juntar à
União Europeia (UE) e à Otan (Organização do Tratado do Atlântico
Norte).
O primeiro-ministro em exercício Valdis Dombrovskis, que comandou a Letônia
durante a pior crise econômica desde que o país deixou a ex-União
Soviética, afirmou que a adoção do euro é uma oportunidade, mas não uma
garantia de riqueza, e que a Letônia não deve afrouxar a política
fiscal.
- Isso não é uma desculpa para não buscarmos uma política
macroeconômica e fiscal responsável – disse ele, após sacar, depois da
meia-noite, a primeira nota de euro de um caixa eletrônico em Riga.
A cerimônia da mudança para o euro se deu no lugar onde a crise da
Letônia começou, na antiga sede do falido banco Parex, agora sede do
banco estatal Citatele, que emergiu do que restou do Parex.
O Parex, então um dos maiores bancos do país, faliu no fim de 2008,
forçando a Letônia a buscar socorro internacional para manter o seu
câmbio atrelado ao euro.
A economia encolheu em um quarto entre 2008 e 2010, mas então cresceu
de novo, no ritmo mais acelerado dentro da UE, aumentando em 5,6 por
cento em 2012, depois que o governo cortou gastos e aumentou impostos
num dos programas de austeridade mais duros da Europa.
O esforço letão ganhou elogios da UE e foi apontado várias vezes como um exemplo de que a austeridade pode funcionar.
- Graças a esses esforços a Letônia vai entrar mais forte do que
nunca na zona do euro, enviando assim uma mensagem encorajadora para
outros países que enfrentam um difícil ajuste econômico – declarou o
presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, nesta terça-feira.
Ainda assim, há algumas preocupações. O Banco Central Europeu alertou
a Letônia que o alto grau de depósitos estrangeiros, a maior parte da
Rússia, nos bancos do país, é um fator de risco, como no caso do Chipre.
A Letônia também entra na zona do euro sem um governo permanente, já
que Dombrovskis renunciou em dezembro, assumindo a responsabilidade
política pelo desabamento de um supermercado que matou 54 pessoas.
As pesquisas de opinião mostram que os letões estão divididos em
relação ao euro. Muitos se preocupam que a nova moeda possa virar uma
desculpa para um aumento de preços.
Correio do Brasil
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