O
jornal CLARIM NATAL abre espaço nesta segunda edição de setembro para falar de
categoria de base, mostrando a importância da base para um Clube de Futebol nos
dias atuais.
Vemos
com mais frequência jogadores de base sendo negociados sem ao menos passarem no
profissional dos nossos clubes potiguares, os nossos exemplos com evidência mais
recente são: Gabriel Veron, atleta profissional do Palmeiras FC, hoje com 18 anos
de idade, fazendo a diferença no seu Clube; Ricardo Potiguar com passagem pelo
Atlético Paranaense, revelado por Carlos Mota, entre outros.
Trouxemos o treinador técnico de futebol de base, e olheiro do ABC FC, Manoel Moura, dono de um projeto junto com investidores na Cidade de Ceará Mirim, Rio Grande do Norte, “Garotos do Vale”. Um abnegado incansável...
Moura como atleta teve passagens por clubes cariocas, Cabofriense, Botafogo, Olaria. Em Natal/ RN começou no Palmeiras das Rocas, e fez história no ABC Futebol Clube como treinador desde 1991.
Em
seu currículo tem vários títulos nas divisões de base, é reconhecido como olho
clínico do futebol, ”olho de águia“. Entre eles podemos citar: Edson,
Pedrinho(meia), Pedrinho(lateral), Jonathas, wallysson, Airton, Lucas,
Leozinho, Pirang, Richardson, Renato, Hudson, Arez, Nego, Neném, Joao Paulo,
Erivelto, Gravatá, Ivan, Madureira e outros.
Durante
entrevista ele fala tudo sobre categoria de base, revelou um pouco da sua história
no cenário futebolístico potiguar, e nos contou também sobre seu projeto que
treina para a disputa da Copa Carpina no estado do Pernambuco.
Confira a entrevista na
íntegra.
MARCOS SOUZA - Nos conte um pouco da sua história no âmbito
futebolístico, no cenário potiguar.
MANOEL MOURA - Sou da Rocas com maior prazer, comecei no futebol no Palmeiras
da Rocas, passei nas bases do ABC, depois fui embora para o Rio de Janeiro. Peguei
uma carona braba de dez dias no caminhão. Cheguei no Rio fui para o Olaria
Atlético Clube, nesse período tinha Dell, Alfinete, Joel Santana, Miguel, esse
era o time do juvenil. Depois fui para o Vasco onde não fiquei, daí fui para o
Botafogo, onde dei sorte, fiquei um tempo. Tive no Cabofriense, tive também a
oportunidade de ir para o Misto do Mato Grosso, não fui. Tive problemas no meu
joelho, fratura na perna quando garoto e depois apareceu o problema no joelho,
deu derrame, tratei e encerrei a carreira. Parei em 1978, entrei na LBA, onde
só tinha craques do futebol, Nilton Santos, Garrincha, Amoroso, Vavá, Índio,
Amarildo, Lula daqui de Natal, Silva Batuta, Jairzinho, Altair “Bi Campeão do
Mundo”. Garrincha era o nosso coordenador e passei a jogar na LBA. Fiquei como
empregado federal, eu e essa rapaziada toda, Denílson, Alcir Portela “o capeta”
como irmão para mim. Esse time jogava toda semana “Seleção Brasileira da LBA” e
eu fazia parte desse time, não por ter jogado na Seleção Brasileira, mas estava
no meio dos caras lá. Eu era o titular, passei a ser Zagueiro, a zaga era eu e Ilo Santos. A gente jogava muito em Santa Catarina,
Paraná por aí e dava aulas. Nesse tempo tinha tantos jogadores, Barbosinha, meu
amigão o Índio Tri Campeão pelo Flamengo.
Então resolvi voltar para Natal em 1991, onde fui para o ABC treinar o
infantil, e Wacil o juvenil, depois passei para
o juvenil, Wacil foi auxiliar de Baltazar no profissional. Treinei todas as
categorias, tive passagens no profissional sendo auxiliar de cavalheiro e de
Esmar Tavares, mas o meu negócio sempre foi a base. Hoje em dia estou no ABC a
quase 30 anos. Hoje como observador técnico viajo todo Brasil e faço parte da Associação
de Observadores Técnicos do Brasil.
MARCOS SOUZA - A que você atribui tantas revelações, entre elas jogadores
de nível nacional?
MANOEL MOURA - A primeira coisa que precisa ser dito é que para olheiro
não tem curso, eu vejo nego com tanto curso, curso para isso, curso para aquilo.
Olheiro é olho meu amigo, “botou o olho e ter confiança” e também dar confiança
na comissão técnica. Quando eu indico um atleta para Tustão, Gilmar, eles
aceitam. Eu posso dar uma opinião eles acatam. Agora tem olheiro que pega o
jogador e engana; a mãe, o pai gastam dinheiro pagando passagens, fazem
empréstimo e o jogador nem treina. Eu cansei de levar jogador para o Botafogo,
mas iam lá e treinavam, eu acompanhava o dia a dia do atleta. Repito não tem
essa de fazer curso, pode ser educação física, pode ser, mas olheiro não tem
essa não. Eu estava um dia na Copa São Paulo, tinha um menino lá do Cruzeiro e
queria ser um olheiro lá do Cruzeiro, e perguntou a Gilmar: “professor queria
ser olheiro de futebol o que que eu faço?” Gilmar respondeu: “tá vendo aquele
coroa lá, ai ele apontou para mim, e disse: “fique perto dele, lá que você
aprende”. Eu nunca mais esqueci, portanto, e olho meu amigo e sorte, eu pego o
jogador para treinar, é só ele pegar na bola eu já sei se ele dá para jogador.
MARCOS SOUZA – Por que ou se preferir por qual motivo perdemos jogadores precocemente
sem ao menos passarem por clubes profissionais do nosso estado?
MANOEL MOURA - Tem treinadores ai falando bonito, vem de fora. aqui tem
treinadores bons. Diá dando exemplo e é da casa. Aqui a gente fala “oxente, oxi
” e acompanhamos a base. Diá sabe tudo sobre a categoria de base e quando o
mesmo assumiu eu mostrei 3 meninos para Diá, Alysson, Jordam, Silas da
categoria sub 17 e quando ele viu se agradou muito. Airton Lucas nunca jogou
profissional no ABC, ficava no banco e nenhum treinador chegou a botar para
jogar porque os treinadores trás jogadores deles para botar os que eles querem.
Eu sempre disse “a base do ABC é uma base boa, olhem lá”, não quero dizer que a
base do ABC é a ideal, mas é a melhor de Natal, e olha lá se não for a melhor
do Nordeste. Temos tudo na base, tem o Fred um baluarte, a diretoria dando todo
apoio junto ao presidente Bira e o próprio Tadeu.
MARCOS SOUZA - Fale um pouco do seu projeto GV Garotos do Vale e
sua participação na copa Carpina.
MANOEL MOURA - Sempre tive vontade de fazer um projeto e a dois anos
atrás eu e Edinho, o responsável pela a Liga de Ceará Mirim, começamos um
projeto devagar, pedindo a um e a outro, e hoje em dia estamos bem formados. Em
dois anos já ganhamos uns 8 títulos e por incrível que pareça, o meu time está
invicto até hoje e jogando. Mas, é claro que um dia vamos perder, mas até agora
não perdemos e jogando contra ABC, Globo, Alecrim. O objetivo aqui não é ganhar
dinheiro e sim formar atletas e bons cidadãos. Temos o apoio de Edson que é
empresário do segmento de camarão, foi um atleta meu. E vamos levar o time para
Carpina/PE, não vou dizer para ser campeão, mas
para fazer bonito e revelar jogador porque eles merecem, Passo sempre para eles
que futebol é renúncia, hoje não é mais só jogador de futebol, é um atleta. Sempre
digo, eu fui jogador de futebol, mas hoje tem que ser atleta, se não, não joga
mais futebol, não rende. E eu vou confiante para Carpina.