sábado, 1 de fevereiro de 2014

Levante Popular discute sobre Lei das Cotas nas Universidades



O coletivo Levante Popular da Juventude e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) promoveram nesta quarta-feira, dia 29, um acalorado debate sobre as políticas de cotas raciais nas Universidades Federais do Brasil. As discussões foram introduzidas com a exibição do vídeo com o poema rítmico “Gritaram me negra”.


O estudante William Borges, representante do Levante, iniciou as explanações rememorando o contexto histórico das questões raciais no país. Expões ainda a realidade estatística da presença do negro(a) no mercado de trabalho e na universidade.

Para ele, o negro ainda é vítima do que classificou por “violência subjetiva”. “Há uma violência exposta contra os negros que se manifesta nas expressões jocosas. Às vezes, muitos dizem que não tem preconceito, mas não se dão conta que ele está velado nas brincadeiras e até mesmo no compartilhamento de imagens nas redes sociais que se valem se estereótipos contra o negro”, ilustrou.

 Secretário de Educação Paulo Speller - Foto: Letícia Verdi MEC

A palavra foi passada para a professora Ady Canário, titular da Coordenação Geral de Ação Afirmativa, Diversidade e Inclusão Social (CAADIS), que enriqueceu o debate com estatísticas e contextualização das discussões sobre raça. Para a professora Ady, “não se debate sobre cotas apenas no âmbito acadêmico, mas também se assume um posicionamento político e ideológico”.

Ferrenha defensora das cotas, a acadêmica esclareceu que as políticas afirmativas se tratam de uma “reparação com o que foi retirado ao longo do tempo dessa população [negra]”. Para concluir, Ady Canário argumentou que as cotas nas Universidades têm contribuído para a elevação da qualidade no ensino superior, à medida que amplia as oportunidades de acesso ao ensino; e ainda diminui as taxas de evasão em decorrência das políticas de assistência e acompanhamento.

COTAS NA UFERSA 

A Lei Nacional das Cotas foi sancionada em 2012 e garante a reserva de 50% das vagas por curso e turno nas universidades federais até 2016. A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), no entanto, se antecipou à Lei, e já estipula esta reserva em 2014.

O reitor da Ufersa, professor José de Arimatea de Matos, também participou do encontro e, ao discursar, explanou um levantamento do IBGE que aponta apenas 13% das vagas do ensino superior ocupadas pela população declarada negra. Em contrapartida, pelo mesmo instituto, aproximadamente, metade da população se autodenomina negra.

“As cotas são uma política pública que afirmam direitos de inclusão. Ora, se temos metade da população declarada negra e apenas uma pequena fatia está nas universidades, temos aí um débito histórico. É dever do Estado fazer essa reparação”, justificou o professor José de Arimatea.

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