O coletivo Levante
Popular da Juventude e o Diretório Central dos Estudantes (DCE)
promoveram nesta quarta-feira, dia 29, um acalorado debate sobre as políticas
de cotas raciais nas Universidades Federais do Brasil. As discussões foram
introduzidas com a exibição do vídeo com o poema rítmico “Gritaram me negra”.
O estudante William Borges, representante do Levante,
iniciou as explanações rememorando o contexto histórico das questões raciais no
país. Expões ainda a realidade estatística da presença do negro(a) no mercado
de trabalho e na universidade.
Para ele, o negro ainda é vítima do que classificou
por “violência subjetiva”. “Há uma violência exposta contra os negros que se
manifesta nas expressões jocosas. Às vezes, muitos dizem que não tem
preconceito, mas não se dão conta que ele está velado nas brincadeiras e até
mesmo no compartilhamento de imagens nas redes sociais que se valem se
estereótipos contra o negro”, ilustrou.
Secretário de Educação Paulo Speller - Foto: Letícia Verdi MEC
A palavra foi passada para a professora Ady Canário,
titular da Coordenação Geral de Ação Afirmativa, Diversidade e Inclusão Social
(CAADIS), que
enriqueceu o debate com estatísticas e contextualização das discussões sobre
raça. Para a professora Ady, “não se debate sobre cotas apenas no âmbito
acadêmico, mas também se assume um posicionamento político e ideológico”.
Ferrenha defensora das cotas, a acadêmica esclareceu
que as políticas afirmativas se tratam de uma “reparação com o que foi retirado
ao longo do tempo dessa população [negra]”. Para concluir, Ady Canário
argumentou que as cotas nas Universidades têm contribuído para a elevação da
qualidade no ensino superior, à medida que amplia as oportunidades de acesso ao
ensino; e ainda diminui as taxas de evasão em decorrência das políticas de
assistência e acompanhamento.
COTAS NA
UFERSA
A Lei Nacional das Cotas foi sancionada em 2012 e
garante a reserva de 50% das vagas por curso e turno nas universidades federais
até 2016. A
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), no entanto, se antecipou à
Lei, e já estipula esta reserva em 2014.
O reitor da Ufersa, professor José de Arimatea de
Matos, também participou do encontro e, ao discursar, explanou um levantamento
do IBGE que aponta apenas 13% das vagas do ensino superior ocupadas pela
população declarada negra. Em contrapartida, pelo mesmo instituto,
aproximadamente, metade da população se autodenomina negra.
“As cotas são uma política pública que afirmam
direitos de inclusão. Ora, se temos metade da população declarada negra e
apenas uma pequena fatia está nas universidades, temos aí um débito histórico.
É dever do Estado fazer essa reparação”, justificou o professor José de
Arimatea.
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