Foto: Carlos Santos/DN/D.A. Press
A revista Época, de circulação nacional, veiculou no último fim de
semana uma reportagem especial com abordagem sobre o caos do sistema
penitenciário potiguar.
A reportagem assinada pelos jornalistas
Hudson Correa e Raphael Gomide estima que o Rio Grande do Norte poderá
figurar num futuro próximo como um novo “Maranhão”, que concentra as
atenções do país para um cenário de barbárie e terrorismo imposto por
líderes de facções criminosas acomodados no Presídio de Pedrinhas.
A
reportagem mostra as reações do presidente do Supremo Tribunal Federal e
do Conselho Nacional de Justiça, Joaquim Barbosa, ocorrida em abril de
2013. "É muito desumano”, resumiu o ministro sobre a Penitenciária
Estadual de Alcaçuz, localizada a cerca de 30 quilômetros de Natal.
À
época, Barbosa viu urina escorrendo pelas paredes, sentiu o forte
cheiro de fezes e passou por celas e corredores escuros e sem
ventilação. Quase um ano depois, um novo relatório do CNJ, obtido pela
revista Época, referente a uma vistoria feita em dezembro, mostra que o
drama observado pelo ministro continua.
A reportagem expõe o caso do
presidiário Antonio Fernandes de Oliveira, 29, conhecido com Pai Bola,
ele age em Alcaçuz sob o efeito do crack e tem uma vasta lista de crimes
bárbaros cometidos na penitenciária.
Na lista consta a morte de
desafetos esfaqueados, asfixiados e decapitados, mortes com requinte de
crueldade, como forma de garantir o controle interno do presídio.
A
afirmação de que o Rio Grande do Norte pode ser o novo Maranhão encontra
base na comparação entre a situação carcerária nos dois estados.
Segundo a revista, ambos têm em comum governos poucos eficientes na
aplicação de verbas no sistema penitenciário.
Conforme dados da
Justiça do Rio Grande do Norte, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM)
prometeu investir R$ 6 milhões em 2013 na reforma de estabelecimentos
penais para abrir mais 500 vagas, mas aplicou apenas R$ 2 milhões.
Na
última quinta-feira, a diretora do presídio de Alcaçuz, Dinora Sima
Lima Deodato, apontou o dedo para um saco de cimento e alguns tijolos
comprados para reformas no presídio como providência do governo contra o
caos nos estabelecimentos penais e em resposta ao alerta do CNJ.
Após
confirmar que receberia a equipe da revista Época para falar sobre o
assunto, a diretora destacou que não poderia receber a equipe por
determinações superiores.
NOTA - Em nota oficial, o Governo do Estado
contestou a retórica da reportagem e a comparação feita pela revista
entre o Rio Grande do Norte e Maranhão. Segundo a mesma nota, a equipe
de reportagem da Revista Época não foi barrada em Alcaçuz, além de
destacar que o Estado tem empreendido esforços para tentar amenizar as
dificuldades que atingem o setor.
O Mossoroense
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