terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Revista Época prevê que caos em presídios do RN pode chegar às ruas

Foto: Carlos Santos/DN/D.A. Press

A revista Época, de circulação nacional, veiculou no último fim de semana uma reportagem especial com abordagem sobre o caos do sistema penitenciário potiguar.
 
A reportagem assinada pelos jornalistas Hudson Correa e Raphael Gomide estima que o Rio Grande do Norte poderá figurar num futuro próximo como um novo “Maranhão”, que concentra as atenções do país para um cenário de barbárie e terrorismo imposto por líderes de facções criminosas acomodados no Presídio de Pedrinhas.
 
A reportagem mostra as reações do presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, Joaquim Barbosa, ocorrida em abril de 2013. "É muito desumano”, resumiu o ministro sobre a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, localizada a cerca de 30 quilômetros de Natal.
 
À época, Barbosa viu urina escorrendo pelas paredes, sentiu o forte cheiro de fezes e passou por celas e corredores escuros e sem ventilação. Quase um ano depois, um novo relatório do CNJ, obtido pela revista Época, referente a uma vistoria feita em dezembro, mostra que o drama observado pelo ministro continua.
 
A reportagem expõe o caso do presidiário Antonio Fernandes de Oliveira, 29, conhecido com Pai Bola, ele age em Alcaçuz sob o efeito do crack e tem uma vasta lista de crimes bárbaros cometidos na penitenciária.
 
Na lista consta a morte de desafetos esfaqueados, asfixiados e decapitados, mortes com requinte de crueldade, como forma de garantir o controle interno do presídio.
 
A afirmação de que o Rio Grande do Norte pode ser o novo Maranhão encontra base na comparação entre a situação carcerária nos dois estados. Segundo a revista, ambos têm em comum governos poucos eficientes na aplicação de verbas no sistema penitenciário.
 

Conforme dados da Justiça do Rio Grande do Norte, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) prometeu investir R$ 6 milhões em 2013 na reforma de estabelecimentos penais para abrir mais 500 vagas, mas aplicou apenas R$ 2 milhões.
 
Na última quinta-feira, a diretora do presídio de Alcaçuz, Dinora Sima Lima Deodato, apontou o dedo para um saco de cimento e alguns tijolos comprados para reformas no presídio como providência do governo contra o caos nos estabelecimentos penais e em resposta ao alerta do CNJ.
 
Após confirmar que receberia a equipe da revista Época para falar sobre o assunto, a diretora destacou que não poderia receber a equipe por determinações superiores.
 
NOTA - Em nota oficial, o Governo do Estado contestou a retórica da reportagem e a comparação feita pela revista entre o Rio Grande do Norte e Maranhão. Segundo a mesma nota, a equipe de reportagem da Revista Época não foi barrada em Alcaçuz, além de destacar que o Estado tem empreendido esforços para tentar amenizar as dificuldades que atingem o setor.
O Mossoroense

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