Fotos: Alex Régis/SECOM
No Dia Nacional da Poesia, celebrado em 14 de março, o prefeito Carlos Eduardo anunciou a licitação do Teatro Municipal de Natal para o segundo semestre. A boa nova ecoou durante solenidade na sede da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), na manhã da sexta-feira. O chefe do executivo municipal justificou a construção do teatro por ser a zona Norte uma região que recebe mais de 300 mil natalenses. O espaço também abrigará uma escola de música e outra de teatro, além de um auditório para mil espectadores.
Na ocasião, o gestor também anunciou a construção de dois Centros de Artes e Esportes Unificados (CEUs). Um centro será erguido na comunidade Nordelândia, na zona Norte, e terá por patrono o poeta Moacy Cirne, falecido recentemente. O outro centro homenageará o mestre do boi de reis, Manoel Marinheiro, a ser edificado no bairro Felipe Camarão, na zona Oeste.
Os Centros de Artes e Esportes Unificados fazem parte de um programa do Governo Federal em parceria com as prefeituras municipais. Em Natal, os CEUs serão coordenados pela Funcarte, em ação conjunta com as Secretarias de Esporte e Lazer e a do Trabalho e Assistência Social. Cada CEU será equipado com cine-teatro, biblioteca, canteiros de leitura, um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e área de esporte e lazer.
Sobre o Dia Nacional da Poesia, Carlos Eduardo disse que a Prefeitura de Natal, sob sua gestão, nunca deixou de comemorar o 14 de março: “É preciso resgatar a poesia e viver a poesia”. Ele informou que a próxima edição do Festival Literário de Natal já está sendo pensada pelo município. “É a Prefeitura valorizando e apoiando a vida cultural da cidade”, comemorou.
Após o café da manhã, o evento em si iniciou com a intervenção do grupo teatral Para eu Parar de me Doer, com os atores Thiago Medeiros e Alessandra Augusta. Em seguida, a manhã poética contou com a comunicação do bardo e ensaísta Eucanaã Ferraz. O vate carioca abordou o tema “A Poesia vista pelos olhos da Poesia”, com uma seleção de poemas cujo tema foi a própria poesia e o papel do poeta. Para isso, Eucanaã separou os poemas “O último poema”, de Manoel Bandeira; “Procura da poesia”, de Carlos Drummond de Andrade; “Não coisa” e “Subversiva”, de Ferreira Gullar; “Vigiando o oco do tempo”, de Wally Salomão; “Poética”, de Vinicius de Moraes; Blues da piedade”, de Cazuza, e “Livros”, de Caetano Veloso. “Os poetas têm muita preocupação com o que fazem. Eles sempre se perguntam se estão sendo ouvidos”, assinalou.
Em seguida, a trupe Para eu Parar de me Doer fez nova intervenção, dessa feita recitando poemas de Moacy Cirne, um dos homenageados do evento, com a colaboração da atriz e poetisa Ananda Krishna. Tanto isso é verdade que, em seguida, houve uma mesa com o tema “Moacy Cirne: da Crítica à Poesia Experimental”, com a mediação do editor Abimael Silva e a participação dos poetas visuais Falves Silva e Anchieta Fernandes. Houve, ainda, o lançamento do livro “A Poesia e o Poema do Rio Grande do Norte”, de Moacy Cirne, uma reedição do Sebo Vermelho, Prefeitura Municipal do Natal e Projeto Nação Potiguar.
À noite, a pedida é o pocket show com o músico pernambucano Silvério Pessoa, que irá brindar a audiência com o tema “Canções, Poesia e Hibridismo Cultural”, às 20 horas, no pátio externo da Funcarte, com entrada franca. Silvério revisa em suas canções as influências diretas da literatura, da poética e dos poetas que são seus parceiros: Marco Polo, Climério, Raimundo Carrero, e a presença da cultura Occitana por meio de um diálogo que o mesmo mantém durante 10 anos como resultado de pesquisas e de viagens ao Sul da França, o que culminou com CDs e com sua recente defesa de dissertação de mestrado.
Para o presidente da Funcarte, Dácio Galvão, o Dia Nacional da Poesia propicia uma reflexão sobre o fazer literário, para além da celebração. Numa breve retrospectiva, o gestor citou a participação de nomes importantes que se fizeram presentes na celebração do 14 de março, na gestão passada e na atual, como a cantora e compositora Adriana Calcanhoto e os poetas Afonso Romano de Santana, Eucanaã Ferraz, José Carlos Capinam e Lirinha. “Temos muitos poetas e uma grande produção literária, o que propicia a possibilidade de diálogo sobre o fazer poético”, observou.
No entendimento do poeta Lívio Oliveira, a poesia está se fortalecendo no Rio Grande do Norte como veículo estético, literário e cultural. Disse que o poeta traduz com a palavra a beleza do mundo. “Poesia se entrelaça com a história e a filosofia. O momento é de crescimento da nossa tradição poética. A internet está abrindo espaço para a exposição da poesia, permitindo intercâmbio entre poetas, e trocas sempre firmam avanços”, refletiu.
Com centenas de títulos publicados, o proprietário do Sebo Vermelho e da editora homônima, Abimael Silva, informou que o 14 de março faz parte do calendário cultural da cidade desde os anos 1970. Para ele, a cada ano, o evento vai se sofisticando, e Natal é a capital brasileira que celebra a data com mais abrangência. Em relação ao livro “A Poesia e o Poema do Rio Grande do Norte”, de Moacy Cirne, lançado originalmente em 1979, ele considera a mais radical antologia da poesia norte-rio-grandense desde sempre.
O Dia Nacional da Poesia, na Funcarte, contou, ainda, com a participação da vice-prefeita, Wilma de Faria, secretários municipais, presidente da Academia Norte-riograndense de Letras (ANL), Diógenes da Cunha Lima, afora artistas, intelectuais e políticos.
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