sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Apesar dos cofres abertos ao Parlamento, Dilma enfrenta dificuldades na Comunicação


Por Redação - de Brasília, Recife e Porto Alegre 
O Palácio do Planalto, às voltas com a queda na popularidade da presidenta Dilma Rousseff e a crise interna na base aliada, enfrenta o assédio dos parlamentares – que voltam do recesso dispostos a analisar matérias desconfortáveis para o governo – com a liberação de parte das emendas dos deputados até o final do ano, mensalmente, até o total de R$ 6 bilhões. Dilma pretende, assim, driblar as dificuldades que, certamente, enfrentará nas votações importantes durante o segundo semestre. Ela pediu aos ministros uma lista dos principais projetos contidos nas emendas que seguem sem solução em cada pasta.

A rebelião no PMDB e a decisão de romper a aliança política que o une ao PT, por segmentos mais radicais do partido, estão na raiz da decisão de Dilma, que busca neutralizar a proposta de Orçamento impositivo e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa reduzir para 20 os atuais 39 ministérios. A presidenta esteve reunida, na noite passada, por mais de três horas no Palácio da Alvorada, e cobrou dos ministros políticos novo esforço concentrado para controlar deputados e senadores de seus partidos. Ela também prometeu empenhar R$ 2 bilhões de emendas individuais agora, no início de agosto.

As outras parcelas, no mesmo valor, devem ser liberadas entre setembro e novembro. No mês passado o governo também reservou R$ 2 bilhões para o pagamento de emendas, mas até agora elas não foram efetivamente liberadas. Conhecido no Congresso como “peça de ficção”, o Orçamento prevê R$ 8,9 bilhões para essa finalidade, ao longo deste ano.

– É um primeiro passo para melhorar a relação com a base aliada. Trata-se de um gesto fundamental porque, afinal de contas, as emendas são legítimas e importantes como investimento para os municípios. Mas, de qualquer forma, a presidente terá de ouvir mais a opinião dos parlamentares e debater projetos com mais antecedência – afirmou o vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR).

Estimativas do Planalto apontam que, se a rebelião dos aliados seguir adiante, poderá causar um déficit de R$ 6,2 bilhões por ano aos cofres públicos. Outros desafios do governo no Congresso são a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a aprovação da MP do projeto Mais Médicos e o Código da Mineração.

Comunicação
Embora a presidenta resista, tanto o marqueteiro João Santana, responsável pela imagem política da futura candidata Dilma, quanto o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que hoje exerce um papel de coordenador político no governo, tentam convencê-la a dialogar mais com jornais, rádios, TVs e, fundamentalmente, com a internet e as redes sociais, como forma de reduzir o número de curtos-circuitos na comunicação com aliados e com os eleitores. A vertiginosa queda de popularidade da presidenta é atribuída, em grande parte, à falta de coordenação dos setores responsáveis por se relacionar com a opinião pública.

Os erros na área de Comunicação Social da presidenta, porém, acumulam-se e tendem a se agravar, caso siga adiante a CPI da Rede Globo, proposta na Câmara por Protógenes de Queiroz (PCdoB-SP), que já teria número suficiente de assinaturas para levá-la à Mesa Diretora. A leitura da proposta, em Plenário, no entanto, é um passo que setores do Planalto tentam evitar a todo custo. Fonte ligada à Mesa Diretora da Câmara, ouvida pelo Correio do Brasil com um pedido de confidencialidade, revela que uma investigação mais profunda no relacionamento entre a emissora de TV do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e as agências de propaganda que atendem ao Núcleo de Mídia da Presidência da República, “poderá abrir os portões do inferno para a presidenta Dilma”.

– Desde que o governo da presidenta Dilma chegou ao poder, foram investidos mais de R$ 2 bilhões na Rede Globo, em anúncios e promoções. Ocorre que, neste período, já havia um processo instaurado contra a holding que controla as emissoras de rádio, TV e o jornal O Globo, instaurado na Receita Federal, por sonegação de impostos, e outros, na área criminal, que poderão afetar o grupo controlado pela família Marinho. Revirar esse assunto é semelhante a mexer num vespeiro – disse.

Este, no entanto, é exatamente o objetivo do deputado Protógenes que volta, em Agosto, a insistir na abertura da CPI para investigar o assunto. Mas ele já espera encontrar a resistência a que se referia a fonte ouvida pelo CdB, em Brasília, e convoca os manifestantes que promoveram atos públicos em frente à emissora, nas principais capitais do país, a protestar na Praça dos Três Poderes.

– Se fizerem corpo mole, essa CPI com certeza não sai. É preciso repetir os atos públicos que pedem uma apuração rigorosa sobre as ramificações da Globo nos vários negócios realizados com dinheiro público; além da possível sonegação de impostos, que pode chegar a R$ 1 bilhão – afirmou o parlamentar, em entrevista ao CdB, nesta quarta-feira.

Fonte: Correio do Brasil

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