Por Redação - de Brasília, Recife e Porto Alegre
O Palácio do Planalto, às voltas com a queda na popularidade da presidenta Dilma
Rousseff e a crise interna na base aliada, enfrenta o assédio dos
parlamentares – que voltam do recesso dispostos a analisar matérias
desconfortáveis para o governo – com a liberação de parte das emendas
dos deputados até o final do ano, mensalmente, até o total de R$ 6
bilhões. Dilma pretende, assim, driblar as dificuldades que,
certamente, enfrentará nas votações importantes durante o segundo
semestre. Ela pediu aos ministros uma lista dos principais projetos
contidos nas emendas que seguem sem solução em cada pasta.
A rebelião no PMDB e a decisão de romper a aliança política que o une
ao PT, por segmentos mais radicais do partido, estão na raiz da decisão
de Dilma, que busca neutralizar a proposta de Orçamento impositivo e a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa reduzir para 20 os
atuais 39 ministérios. A presidenta esteve reunida, na noite passada,
por mais de três horas no Palácio da Alvorada, e cobrou dos ministros
políticos novo esforço concentrado para controlar deputados e senadores
de seus partidos. Ela também prometeu empenhar R$ 2 bilhões de emendas
individuais agora, no início de agosto.
As outras parcelas, no mesmo valor, devem ser liberadas entre
setembro e novembro. No mês passado o governo também reservou R$ 2
bilhões para o pagamento de emendas, mas até agora elas não foram
efetivamente liberadas. Conhecido no Congresso como “peça de ficção”, o
Orçamento prevê R$ 8,9 bilhões para essa finalidade, ao longo deste ano.
– É um primeiro passo para melhorar a relação com a base aliada.
Trata-se de um gesto fundamental porque, afinal de contas, as emendas
são legítimas e importantes como investimento para os municípios. Mas,
de qualquer forma, a presidente terá de ouvir mais a opinião dos
parlamentares e debater projetos com mais antecedência – afirmou o
vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR).
Estimativas do Planalto apontam que, se a rebelião dos aliados seguir
adiante, poderá causar um déficit de R$ 6,2 bilhões por ano aos cofres
públicos. Outros desafios do governo no Congresso são a Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO), a aprovação da MP do projeto Mais
Médicos e o Código da Mineração.
Comunicação
Embora a presidenta resista, tanto o marqueteiro João Santana,
responsável pela imagem política da futura candidata Dilma, quanto o
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que hoje exerce um papel de
coordenador político no governo, tentam convencê-la a dialogar mais com
jornais, rádios, TVs e, fundamentalmente, com a internet e as redes
sociais, como forma de reduzir o número de curtos-circuitos na
comunicação com aliados e com os eleitores. A vertiginosa queda de
popularidade da presidenta é atribuída, em grande parte, à falta de
coordenação dos setores responsáveis por se relacionar com a opinião
pública.
Os erros na área de Comunicação Social da presidenta, porém, acumulam-se e tendem a se agravar, caso siga adiante a CPI da Rede Globo,
proposta na Câmara por Protógenes de Queiroz (PCdoB-SP), que já teria
número suficiente de assinaturas para levá-la à Mesa Diretora. A leitura
da proposta, em Plenário, no entanto, é um passo que setores do
Planalto tentam evitar a todo custo. Fonte ligada à Mesa Diretora da
Câmara, ouvida pelo Correio do Brasil com um pedido de
confidencialidade, revela que uma investigação mais profunda no
relacionamento entre a emissora de TV do Jardim Botânico, no Rio de
Janeiro, e as agências de propaganda que atendem ao Núcleo de Mídia da
Presidência da República, “poderá abrir os portões do inferno para a
presidenta Dilma”.
– Desde que o governo da presidenta Dilma chegou ao poder, foram investidos mais de R$ 2 bilhões na Rede Globo, em anúncios e promoções. Ocorre que, neste período, já havia um processo instaurado contra a holding que controla as emissoras de rádio, TV e o jornal O Globo,
instaurado na Receita Federal, por sonegação de impostos, e outros, na
área criminal, que poderão afetar o grupo controlado pela família
Marinho. Revirar esse assunto é semelhante a mexer num vespeiro – disse.
Este, no entanto, é exatamente o objetivo do deputado Protógenes que
volta, em Agosto, a insistir na abertura da CPI para investigar o
assunto. Mas ele já espera encontrar a resistência a que se referia a
fonte ouvida pelo CdB, em Brasília, e convoca os
manifestantes que promoveram atos públicos em frente à emissora, nas
principais capitais do país, a protestar na Praça dos Três Poderes.
– Se fizerem corpo mole, essa CPI com certeza não sai. É preciso
repetir os atos públicos que pedem uma apuração rigorosa sobre as
ramificações da Globo nos vários negócios realizados com
dinheiro público; além da possível sonegação de impostos, que pode
chegar a R$ 1 bilhão – afirmou o parlamentar, em entrevista ao CdB, nesta quarta-feira.
Fonte: Correio do Brasil
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