domingo, 21 de julho de 2013

Maternidade do Santa Catarina realiza partos até em sala de exames

Roberto Lucena - Repórter

O setor de obstetrícia do Hospital Dr. José Pedro Bezerra (HJPB) – o Santa Catarina – está superlotado. As salas de partos estão ocupadas por pacientes e não há mais leitos disponíveis para as parturientes. Devido a superlotação, os partos normais, assim como as cesárias, são realizados em salas de exame e ambientes improvisados. No momento, há 49 pacientes disputando espaço num local apropriado para apenas 26 parturientes. Para o titular da secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), Luiz Roberto Fonseca, a principal causa do cenário é a demanda oriunda do interior. “A superlotação é decorrente do grande número de encaminhamentos de baixo risco (partos de risco habitual), oriundos de municípios do interior do Estado que não têm ofertado a suas munícipes o acesso ao serviço de assistência ao parto de baixo risco”, escreveu numa rede social.

Na manhã de hoje, nenhuma das quatro salas de parto do Santa Catarina estava liberada para uso. Todas estavam ocupadas por mulheres que deram à luz há pouco tempo. A enfermeira Elivânia de Lima explicou que não há leitos disponíveis nas enfermarias. “Não temos onde colocar as mães com seus filhos, O jeito foi improvisar nas salas de parto. Aqui está superlotado. Era para ter no máximo 20 pacientes e, agora, estamos com mais de 40”, colocou.

Sem salas de partos, os obstetras são obrigados a realizem os partos onde for possível. A sala de exames pré-operatório virou sala de cirurgia. Até mesmo a sala de curetagem foi usada para realização de partos. Outro problema decorre da superlotação: falta roupas para tantos pacientes.  “A situação está complicada. Não sei como isso vai ficar”, disse Elivânia. Muitas gestantes aguardam a cirurgia sentadas nos corredores do hospital. A sala do pré-operatório também foi transformada em enfermaria para as parturientes.

A situação no HJPB é decorrente da suspensão do atendimento na Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC). Desde o dia 17 passado, a MEJC não realiza partos devido à falta de pediatras para cobrir os plantões. A expectativa é de que o atendimento no local seja normalizado na próxima terça-feira.

Mas para o titular da Sesap, outros fatores explicam a situação  presenciada no Santa Catarina. Luiz Roberto Fonseca, através de uma rede social, prestou esclarecimentos sobre a problemática e questionou o porquê  de apenas o Governo do Estado ser cobrado. “Me surpreende a forma como o Estado do RN é apresentado. Como vilão e culpado. A MEJC e a Leide Moraes fecham, sobrecarregam os serviços do Estado e o Estado é intimado a dar explicações? Difícil entender a lógica”, escreveu.

O secretário comparou o problema do Santa Catarina ao que ocorre no Hospital Walfredo Gurgel e outros hospitais sob administração do Estado. Ele culpa as administrações municipais. “É a mesma coisa do Walfredo Gurgel. O hospital que tem sido, também junto com o Santa, Deoclécio Marques (Parnamirim), Tarcísio Maia (Mossoró), superlotados e extenuados acima de sua capacidade por total falta de compromisso e resolutividade dos demais serviços da rede pública. UPAs fechadas há mais de um ano, as que abertas estão funcionando com equipe incompleta, pronto socorros municipais desabastecidos e sem médicos, uma pratica criminosa de ambulancioterapia”, frisou.

A reação do secretário ocorreu após a veiculação de uma matéria sobre o assunto na edição do Jornal Nacional, da Rede Globo, no último sábado.

Pronto socorro fechado

Os problemas no Santa Catarina não se concentram apenas na ala de obstetrícia. Sem médicos para cobrir a escala de plantão, o Pronto Socorro Infantil (PSI) da unidade está com as portas fechadas desde o dia 17. Com a quantidade de pediatras disponíveis na unidade foi possível cobrir a escala apenas até o dia 16. O atendimento no PSI só será retomado dia 1º de agosto. Até lá, cerca de 30 mil atendimentos deixarão de ser feitos.

O ambulatório e os consultórios médicos do PSI estão vazios. São mais de 15 leitos que, na tarde de ontem, estavam desocupados. O local atende, por dia, aproximadamente 200 pacientes. Segundo funcionários do local, quem chega à unidade é orientado a procurar outros hospitais.

Fonte: Tribuna do Norte

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