RIO DE JANEIRO / ALERJ
O diretor do
Departamento de Acompanhamento e Avaliação da Secretaria de
Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das
Comunicações, Octavio Pieranti, declarou que novos testes deverão
ser feitos comparando o sinal de rádio digital com o analógico
antes que uma mudança definitiva seja implantada no Brasil. “Estamos
apenas verificando como funciona a tecnologia. Ainda é muito cedo
para qualquer veredicto”, explicou, durante audiência pública da
Comissão de Trabalho, Legislação e Seguridade Social da Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj), nesta sexta-feira (14/06). “A
preocupação das rádios comunitárias é justificada, pois a
situação para elas é drástica. A diversidade de informações que
essas rádios proporcionam à população é muito importante para
ser negligenciada”, opinou o presidente da comissão, deputado
Paulo Ramos (PDT).
Pieranti ressaltou,
através de um infográfico do Ministério das Comunicações, que as
duas formas de transmissão digital testadas no Brasil em 2011, DRN e
HD Radio, mostraram ter alcance inferior ao das ondas analógicas. “A
qualidade do som aumenta, mas o alcance é inferior. Diminuir o
número de informações que chega aos ouvintes não é desejável”,
enfatizou. O presidente da Associação Brasileira de Rádio e
Televisão (Abratel), André Felipe Trindade, acrescentou que a
maioria das emissoras de rádio teria que trocar seu equipamento de
transmissão. “O custo fica em torno de R$ 324 mil. As rádios
comunitárias não têm dinheiro para fazer essa mudança”, disse.
“Além disso, os ouvintes teriam que comprar aparelhos receptores
de ondas digitais. Como a maioria da população ouve rádio no
carro, não acredito que essa seria uma preocupação a curto prazo”,
acrescentou Trindade.
Para o representante da
Associação das Rádios Comunitárias (Arco), Edson Guedes, a
preocupação permanece – ainda que não seja imediata. “O poder
do monopólio das telecomunicações é que diz quando e como quer
mudar a tecnologia de radiofusão brasileira. Esse debate deveria ser
mais democrático. Não vemos novos horizontes para a rádio
comunitária, que ainda está em AM”, declarou. Segundo André
Trindade, a mudança das rádios de AM para FM, quando ocorrer, será
benéfica. “O alcance AM é maior que FM, mas apenas um em cada dez
ouvintes faz essa opção. Nas cidades em que a onda FM está
saturada, como no Rio, é preciso passar emissoras para ‘FM
estendido’. O Ministério das Comunicações já tem permissão do
Senado para efetuar essa mudança, mas ela não será obrigatória”,
esclareceu.
(texto de Amanda
Bastos)
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